Agropecuária perde participação nas exportações do trimestre
Soja — Foto Divulgação Confederação Nacional da Agropecuária.jpg
Recuo internacional dos preços provoca queda das receitas, mas açúcar é exceção.
A agropecuária perde espaço na balança comercial brasileira. Nos três primeiros meses deste ano, o setor teve uma participação de 20,7% nas vendas externas do país, abaixo dos 22,3% de igual período de 2023.
A indústria extrativa melhorou seu desempenho, aumentando a participação de 22,8%, no primeiro trimestre de 2023, para 26,2% neste ano. Este setor ocupou também parte da indústria de transformação, cuja participação recuou para 52,6%.
A perda de espaço da agropecuária nas exportações brasileiras se dá mais pela queda dos preços internacionais do que pelo volume exportado.
As vendas externas de soja, líder no setor do agronegócio, aumentaram 16% em volume no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2023. Os preços, no entanto, recuaram 21% no mesmo período. A soja em grão rendeu US$ 9,8 bilhões até março.
As exportações do agronegócio só não são menores neste ano porque o açúcar tem sido o grande destaque. Os preços externos estão com forte aceleração, e o Brasil é o país que tem o produto para oferecer ao mercado externo no momento.
No mês passado, as exportações de açúcar renderam US$ 1,5 bilhão, 77% a mais do que no mesmo mês de 2023. O crescimento em volume foi de 49%, e os preços internacionais subiram 19%,
No acumulado dos três primeiros meses, as receitas com açúcar subiram para US$ 4,8 bilhões, 112% a mais do que as do primeiro trimestre do ano passado.
As exportações de milho estão fracas. As receitas recuaram para US$ 1,65 bilhão no trimestre, 42% a menos do que de janeiro a março de 2023. O volume caiu 28% no período, e os preços recebidos pelos exportadores foram 19% inferiores aos de 2023.
As exportações de carne bovina melhoraram, somando 599 mil toneladas até março, 26% a mais do que no mesmo período de 2023, segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), com base em dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
As vendas externas renderam US$ 2,64 bilhões, 18,5% a mais. A China foi a principal importadora, com compras de 274 mil toneladas, e os chineses deixaram US$ 1,2 bilhão no Brasil.
Segundo a Abiec, as exportações para a China aumentaram 21% em volume e 9% em faturamento. O preço médio da proteína, no entanto, caiu 10%, recuando de US$ 4.942 por tonelada, em 2023, para US$ 4.452, neste ano.
As exportações de carne de frango renderam 690 milhões em março e US$ 1,95 bilhão no acumulado de janeiro a março deste ano, segundo a Secex.
A queda internacional de preços se estende também para os insumos, o que significa menos gastos pelo país. Muito dependente de fertilizantes, o país gastou US$ 2,17 bilhões neste ano com esse insumo, 35% a menos do que em 2023, embora o volume tenha caído apenas 3% (Folha, 5/4/24)