Ajuda dos EUA à pecuária supera exportações brasileiras em 2017
Programas de indenização somam US$ 7,2 bilhões de 2008 a 2016.
O rebanho bovino dos Estados Unidos volta a aumentar e já soma 94,4 milhões de cabeças de gado. É o maior número em nove anos.
É um novo ciclo da pecuária, conforme mostram os dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O rebanho dos Estados Unidos vem crescendo desde 2014, quando estava em 88,5 milhões de animais. Apesar disso, o número atual está bem distante do de 1975, quando o país tinha 132 milhões de cabeças de gado.
Nos períodos de queda do rebanho, como em 2014, sofre mais o consumidor, devido à elevação dos preços da carne, do que o pecuarista.
De 2008 a 2016, o governo americano injetou US$ 7,2 bilhões em programas de indenizações no setor para compensar condições ambientais severas, problemas de saúde animal e elevação de custos.
A lista das indenizações é grande e vai da ocorrência de seca, nevasca, tornados, furacões a ataques de animais selvagens ao rebanho —principalmente os protegidos pelo governo, como os lobos.
No Brasil, a Operação Carne Fraca da Polícia Federal fez a arroba do boi gordo despencar de R$ 150 para R$ 130 em poucos meses, ocasionando forte perda de receitas para os produtores.
O valor destinado pelo governo americano para indenizações ao setor superou o total das exportações brasileiras do ano passado, que, em ano recorde, ficaram em US$ 6,3 bilhões, conforme dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
O governo dos EUA tem três programas básicos de auxílio ao setor. O mais importante, o LFP (Livestock Disaster Forage Program), remunera produtores que, devido a problemas climáticos, têm perdas de pastagens. Devido à seca de 2013 e 2014, a indenização atingiu US$ 6,8 bilhões de 2008 a 2016.
O LIP (Livestock Indemnity Program) beneficia pecuaristas que tiveram mortalidade de gado acima do normal na fazenda. A mortalidade pode ocorrer por clima, doença e ataques de animais selvagens. A distribuição foi de US$ 313 milhões nos nove anos analisados.
O terceiro programa, o Elap (uma assistência emergencial) inclui ajuda não apenas ao rebanho, mas também aos produtores de mel e de peixe. De 2008 a 2016 foram destinados US$ 113 milhões ao programa (Folha de S.Paulo, 7/2/18)