10/05/2022

Algodão: Açúcar: Análise Agromensal Conjuntural Abril/22 Cepea/Esalq/USP

Algodão: Açúcar: Análise Agromensal Conjuntural Abril/22 Cepea/Esalq/USP

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As altas nos preços internacionais, a valorização do dólar frente ao Real e a elevação na paridade de exportação fizeram com que os valores do algodão em pluma subissem no Brasil em abril. Atentos a esse cenário externo, vendedores estiveram mais firmes e/ou aumentaram os valores pedidos pelos lotes disponibilizados no spot, sobretudo para a pluma de maior qualidade.

 Assim, a cotação aumentou com mais força no final do mês, chegando a renovar, por alguns dias consecutivos, a máxima nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. No acumulado de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma, com pagamento em 8 dias, subiu 1,71%.

 A média de abril/22, de R$ 7,2063/lp, ficou 11,7% acima da paridade de exportação e segue como a maior da série do Cepea, em termos nominais. Em termos reais (IGP-DI – março/22), a média é a mais alta desde abril de 2011 (R$ 8,9282/lp), sendo, também, 2,3% superior à de março/22 e 29,11% maior que a de abril/21.

 Em dólar, o Indicador à vista registrou média de US$ 1,5131/lp em abril, 2,3% menor que o Índice Cotlook A (US$ 1,5482/lp), mas ficou 7,8% acima do primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 1,4041/lp. Como os preços domésticos operaram com vantagem sobre o valor da exportação no spot, algumas tradings disponibilizam lotes no mercado interno.

 Comerciantes, por sua vez, buscam realizar negócios “casados” e/ou adquirem a pluma para cumprir suas programações. Compradores com necessidades imediatas e/ou estoque limitado precisaram ceder e pagar os maiores preços pedidos por vendedores.

 No entanto, como a liquidez ao longo da cadeia ainda está lenta e agentes relatam dificuldade em repassar os novos reajustes da matéria-prima aos seus produtos, algumas fábricas operam com capacidade reduzida, enquanto outras estudam dar férias coletivas e/ou interromper parte da produção por um período.

 MERCADO INTERNACIONAL

De 31 de março a 29 de abril, o dólar se valorizou 3,93% frente ao Real, fechando a R$ 4,948 no dia 29. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 3,58% no mesmo período, a US$ 1,5905/lp no dia 29. Dessa forma, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) aumentou 7,75% em abril, a R$ 6,9014/lp (US$ 1,3948/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 6,9119/lp (US$ 1,3969/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 29.

 Na Bolsa de Nova York, entre 31 de março e 29 de abril, o vencimento Maio/22 se valorizou 12,26%, fechando a US$ 1,5233/lp no dia 29, e o Jul/22 subiu 10,27%, indo para US$ 1,4563/lp no dia 29. O contrato Out/22 registrou alta de 9,47% no mesmo período, a US$ 1,2866/lp, e o Dez/22 aumentou 9,70%, a US$ 1,2207/lp.

 CONTRATOS A TERMO

 De acordo com colaboradores do Cepea, produtores estão com boa parte da próxima temporada já comprometida. Dessa forma, a movimentação em abril envolveu a safra 2022/23, embora a disparidade entre os agentes tenha limitado uma maior liquidez. Indústrias nacionais buscam a matéria-prima sobretudo para o segundo semestre, na tentativa de garantir o produto e a qualidade desejada.

 USDA

Em relatório divulgado no dia 8 de abril, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção mundial 2021/22 em 26,17 milhões de toneladas, 7,5% acima do volume previsto na safra passada. O consumo mundial está projetado em 27,014 milhões de toneladas, o segundo maior da história, com elevação de 1,7% frente ao da safra 2020/21 e 3,2% superior à oferta global.

 Já o estoque mundial deve ser de 18,153 milhões de toneladas, aumento de 1% frente aos dados de março/22, mas baixa de 4,5% em reação aos da temporada 2020/21. As importações mundiais, por sua vez, devem recuar 6,6%, indo para 9,973 milhões de toneladas em 2021/22.

 Já as exportações globais podem somar 9,979 milhões de toneladas, queda de 5,5% frente à safra passada.

De março para abril, as exportações do Brasil tiveram retração de 1,3% e as da Índia, de 5,4%, projetadas em 1,72 milhão de toneladas e em 1,132 milhão de toneladas na safra 2021/22, respectivamente, de acordo com dados do USDA.

 Quanto ao conflito na Ucrânia, mesmo que a Rússia e Ucrânia não sejam significativos consumidores nem produtores de algodão, o cenário gera incerteza quanto ao consumo global de algodão. Isso porque ambos os países importam os produtos têxteis manufaturados/acabados.

 Dessa forma, o Departamento espera que o conflito atual diminua a demanda do consumidor final em ambos os países e agrave ainda mais os problemas das indústrias em todo o mundo.

 CAROÇO DE ALGODÃO

O mercado de caroço de algodão seguiu com baixa liquidez ao longo de abril. Com compradores e vendedores aguardando a entrada da próxima safra, muitos estão apenas cumprindo contratos a termo da temporada 2020/21 do caroço e também de seus derivados como óleo, torta e farelo de algodão.

 Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em abril/22 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.538,08/t, recuo de 2,1% em relação ao mês anterior e baixa de 25,7% sobre o de abril/21 (R$ 2.069,90/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de março/22 (Assessoria de Comunicação, 5/5/22)