Algodão: Análise agromensal Cepea/Esalq
Por mais um mês, a cotação interna do algodão em pluma apresentou apenas pequenas oscilações ao longo de abril. Esse cenário se deve especialmente à disparidade entre os preços e a qualidade da pluma disponibilizada no mercado. Vale lembrar que os valores têm ficado entre R$ 2,91/lp e R$ 2,95/lp desde meados de janeiro.
Em abril, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu ligeiro 0,46%, fechando a R$ 2,9480/lp na terça-feira, 30. A média do mês, de R$ 2,9306/lp, ficou somente 0,15% superior à de março/19, mas 14,19% abaixo da de abril/18, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de março/19).
Parte das indústrias trabalhou com a matéria-prima estocada e/ou de programações realizadas anteriormente, enquanto outros demandantes adquiriram a pluma a valores inferiores aos pedidos por vendedores. Apenas compradores em busca de pluma de qualidade pagaram valores maiores. Comerciantes procuraram lotes para cumprir com compromissos realizados anteriormente, mas o elevado volume de lotes de qualidade mista dificultou os fechamentos.
Cotonicultores, por sua vez, estiveram atentos ao desenvolvimento da cultura da próxima temporada – ressalta-se que, mesmo que em pouco volume, alguns lotes de São Paulo já chegaram no spot em abril. Em abril, a comercialização para entrega futura esteve aquecida, com tradings ativas, e negócios envolvendo a pluma das safras 2018/19 e, especialmente, 2019/20, direcionados aos mercados interno e externo, a preços fixos (Real ou em dólar) e/ou a fixar (Indicador ou Bolsa de Nova York).
Quanto à safra 2017/18, algumas indústrias ainda buscaram alguns lotes para entrega nos próximos meses e outros para exportação. De acordo com o sétimo levantamento de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção nacional de algodão na temporada 2018/19 foi projetada em 2,647 milhões de toneladas, aumento de 2,8% frente aos dados de mar/19 e elevação de significativos 32% se comparada à colheita da temporada 2017/18.
Ainda que a produtividade média possa recuar 2,2%, indo para 1.670 kg/ha na safra 2018/19, a Companhia a reajustou em 1,8% frente à projeção de mar/19. Após seis meses consecutivos com o preço interno acima da paridade de exportação, em abril, a média do Indicador esteve 0,4% inferior à da paridade. A média de abril/19 do Indicador com pagamento à vista em dólar foi de US$ 0,7464/lp, 14,4% inferior à média do Índice Cotlook A (de US$ 0,8719/lp) e 3,37% abaixo da média do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (de US$ 0,7725).
De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 71,4% da safra brasileira 2017/18, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 30 de abril. Deste total, 57,7% foram direcionados ao mercado interno, 31,6%, ao externo e 10,7%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).
Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 27,8% da produção de 2018/19 (projetada em 2,647 milhões de toneladas pela Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 42,9% ao mercado doméstico, 35,8%, para exportação e 21,3%, para contratos flex. Dados do Cepea captados em abril/19 indicam que as negociações para embarque ao mercado externo no segundo semestre de 2019 (do produto a ser colhido na temporada 2018/19) tiveram média de US$ 0,7693/lp, ficando 0,49% acima do registrado em março/19 (US$ 0,7656/lp).
Para exportação envolvendo a pluma da temporada 2019/20, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de US$ 0,7437/lp no mesmo período, 4,07% menor frente à do mês anterior (US$ 0,7753/lp). Vale considerar que, para a comercialização no curto prazo, a média de US$ 0,7779/lp está 1,21% maior que a de março/19, ainda referente à pluma da temporada 2017/18.
EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO
Dados da Secex indicam que, em abril/19, foram embarcadas 71,8 mil toneladas da pluma, 26,7% inferior ao volume de março/19 (de 97,9 mil toneladas), mas expressivamente acima das 28,6 mil toneladas de abril/18 (+150,7%). O faturamento foi de US$ 122,3 milhões, 26,6% menor que o de mar/19, mas duas vezes acima do de abril/18 (US$ 50,2 milhões).
Quanto ao preço médio, de US$ 0,7730/lp em abril, ficou apenas 0,1% maior que o do mês anterior, mas recuou 2,8% em relação ao de abril/18. A Secex aponta que as importações somaram 121,5 toneladas em abril/19, queda de 18,3% no comparativo com março e de expressivos 92,1% com abril/18 (1,5 mil toneladas).
O preço médio de importação foi de US$ 1,2263/lp em abr/19, queda de 18,1% se comparado ao do mês anterior, mas alta de 52,4% sobre o de um ano atrás.
MERCADO INTERNACIONAL
De 29 de março a 30 de abril, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), aumentou 2,35%, impulsionada pelas altas de 1,62% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) e de 0,66% do dólar frente ao Real. A média mensal da paridade foi de R$ 2,9414/lp, aumento de 5,48% em relação à do mês anterior e 8,5% superior à de abril/18 (R$ 2,7097/lp).
No mesmo período, a média do Índice Cotlook A subiu 4,32%, com o dólar se valorizando 1,31% frente à de março/19 e 14,2% em relação a abril/18. No mês de abril, os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foram influenciados, especialmente, pela variação do preço do petróleo e do dólar no mercado internacional.
Entre 29 de março e 30 de abril, o vencimento Maio/19 se desvalorizou 2,1%, fechando a US$ 0,7598/lp,; o contrato Jul/19, 1,95% (a US$ 0,7678/lp) e Out/19, recuo de 0,41% (US$ 0,7567/lp). Apenas o vencimento Dez/19 teve leve alta, de 0,33% e fechando o mês a US$ 0,7569/lp.
Segundo informações do USDA divulgadas no dia 9 de abril, a produção global da safra 2018/19 é estimada em 25,9 milhões de toneladas, 3,9% menor que na 2017/18 (26,9 milhões de toneladas), mesmo com a China elevando em 0,9% o volume produzido e o Brasil, em expressivos 28%, podendo chegar a uma produção de 2,57 milhões de toneladas.
Já o consumo está previsto em 26,8 milhões de toneladas, somente 0,3% acima do da safra 2017/18 – vale considerar que o Brasil está em sétimo colocado, com consumo esperado de 762 mil toneladas.
CAROÇO DE ALGODÃO
Com a baixa disponibilidade do produto da safra 2017/18 no mercado, os preços do caroço de algodão permaneceram em alta em abril, devido à posição firme dos vendedores. Nesse cenário, poucos lotes foram efetuados para entrega rápida, geralmente para atender à demanda de pequenos volumes. Compradores alegaram trabalhar com o produto já contrato, finalizando o embarque da matéria-prima e cumprindo com as entregas dos derivados, como torta, farelo e óleo.
Quanto à safra 2018/19, as negociações apresentaram bom ritmo ao longo de abril. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em abril/19 foi de R$ 510,39/t em Primavera do Leste (MT), 12,9% superior ao de março/19. Em Rondonópolis (MT), o aumento no mesmo período foi de 17,7%. Em Campo Novo do Parecis (MT), houve alta de 6,7% e em Lucas do Rio Verde (MT), de 9,7%.
Em relação ao biodiesel no Brasil, a produção em março/19 utilizou 0,62% do óleo de caroço de algodão como matéria-prima, segundo dados mais atuais da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustível). Na região Centro-Oeste do País, 0,95% do produto foi utilizado e, no Sudeste, 1,15%.
Já no Sul, o óleo de algodão representou apenas 0,33%. No mercado nacional, o óleo de soja permanece como a principal fonte do biocombustível, representando 68,3% da produção em março, seguido pela gordura bovina (12,99%) (Assessoria de Comunicação, 8/5/19)