08/07/2020

Algodão: Análise Agromensal Cepea/Esalq/USP Junho/2020

Cultura do algodão: mapas do plantio à colheita | Mappa

As negociações envolvendo algodão em pluma registraram ligeira melhora em junho frente aos dois meses anteriores. Ao longo do período, entregas de contratos que estavam postergadas foram realizadas e negócios envolvendo a pluma da nova safra, fechados. Compradores seguiram pressionando as cotações, pedindo maiores prazos para pagamentos e buscando o produto de melhor qualidade.

 

Já vendedores estiveram mais atentos aos trabalhos de campo, na expectativa de poder cumprir os contratosjá efetuados anteriormente. Neste cenário, os preços seguiram estáveis ao longo de todo o mês. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, oscilou entre R$ 2,6923/lp e R$ 2,7271/lp em junho, ou seja, com o valor mínimo sendo apenas 1,3% menor que o máximo.

 

Em junho, a média ficou em R$ 2,7103/lp, 2,34% maior que a de maio/20, mas 3% inferior à de jun/19 e 7,1% abaixo da média de março/20, quando a pandemia de coronavírus começou a ganhar força no Brasil – todas em termos nominais.

 

O Indicador em moeda norte-americana esteve em US$ 0,52/lp em junho, 23,2% abaixo do Índice Cotlook A e 14,48% inferior ao valor do primeiro vencimento da ICE Futures (Bolsa de Nova York). Isto indica os deságios que o produto brasileiro registrou no mercado internacional, diante do excedente expressivo ainda disponível e da chegada de uma nova safra brasileira quase em patamarrecorde.

 

A demanda internacional e o consumo mundial de algodão também estiveram se alterando de forma expressiva com a pandemia. No início de 2020, as estimativas do USDA indicavam consumo de algodão na temporada 2019/20 (até jul/20, praticamente) de 26,2 milhões de toneladas, em linha com o observado das duas últimas temporadas.

 

Desde então, todos os relatórios do USDA mostraram diminuição na estimativa de consumo, sendo de 1% em fevereiro, de 0,7% em março, de 6,4% em abril, de 5,1% em maio e de 2,2% em junho. Assim, em relação às estimativas registradas em janeiro/20, as previsões de junho estiveram 14,6% menores. Há expectativa de recuperação parcial da demanda para a temporada 2020/21.

 

EXPORTAÇÃO

De acordo com a Secex, em junho, os embarques brasileiros de algodão em pluma somaram 56,7 mil toneladas, queda de 12,6% frente ao mesmo mês do ano anterior. O faturamento totalizou US$ 83,6 milhões, recuo de 23% frente ao registrado em junho/19 (US$ 108,3 milhões).

 

Segundo dados do Cepea, o valor médio para exportação da safra 2018/19 captado ainda em junho/20 e com entregas até setembro/20 ficou em US$ 0,5555/lp, alta de 2,2% frente ao de maio (US$ 0,5435/lp). Já o da temporada 2019/20 caiu 1,53%, a US$ 0,5716/lp, com entregas entre junho/20 e dezembro/20, contra média de US$ 0,5805/lp em maio/20.

 

MERCADO INTERNACIONAL

O dólar fechou a R$ 5,44 no dia 30 de junho, alta de 1,87% frente ao Real no acumulado do mês. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 2,72% no mesmo período, finalizando em US$ 0,6795/lp, no dia 30. A média de junho (US$ 0,6769/lp) foi 2,93% superior à de maio (US$ 0,6576/lp). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside), porto de Paranaguá (PR), subiu 5,06% entre 29 de maio e 30 de junho, a R$ 3,2152/lp no último dia do mês.

 

A média de junho (R$ 3,0586/lp) foi 5,86% inferior à de maio (R$ 3,2266/lp). Entre 29 de maio e 30 de junho, os primeiros vencimentos de contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiram, impulsionados pela elevação do preço do petróleo, pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional e pela redução na estimativa de área cultivada nos Estados Unidos.

 

Assim, Jul/20 ficou a US$ 0,6098/lp, alta de 5,89%, e o Out/20 fechou a US$ 0,6154/lp, elevação de 5,23%. Os contratos Dez/20 e Mar/21 se valorizaram 5,92% e 5,23%, fechando, respectivamente, a US$ 0,6088/lp e a US$ 0,6154/lp.

 

PRODUÇÃO INDUSTRIAL

A produção industrial caiu de forma mais intensa em abril/20 (dados mais recentes disponíveis), refletindo os efeitos da paralisação e/ou redução das atividades em decorrência da pandemia de coronavírus. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de março para abril, a atividade industrial (com ajuste sazonal) no setor de “confecção de artigos do vestuário e acessórios” teve queda de 37,5% e o de “produtos têxteis”, de 38,6%.

 

Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor de confecção de artigos do vestuário e acessórios registrou baixa de expressivos 64,9% e o de produtos têxteis, de 51,3%. Em abril de 2020, todos os segmentos registraram a maior queda na variação percentual mensal (igual mês do ano anterior) desde o início da série do IBGE, em janeiro/02.

 

Assim, o segmento de “fabricação de artigos de malharia e tricotagem” caiu 84,4% se comparado ao de abril/19 e o de “fabricação de artefatos têxteis, exceto vestuário”, 55,9%. O de “fabricação de tecidos de malha” registrou baixa de 69,2% frente à produção de abril do ano passado e o ramo de “tecelagem, exceto malha” recuou 52,9%. O segmento “preparação e fiação de fibras têxteis” teve queda de 33% no mesmo comparativo.

 

CAROÇO DE ALGODÃO

A média mensal do caroço de algodão subiu de maio para junho em parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Mas o ritmo de comercialização permaneceu lento, já que agentes estiveram à espera da entrada de volume mais expressivo da safra 2019/20. No geral, pecuaristas foram os demandantes mais ativos, em busca de ração animal. Em Barreiras (BA), o preço médio foi de R$ 653,33/t em junho, acréscimo de 6,4% em relação à de maio.

 

Em São Paulo (SP), a média foi de R$ 780,88/t, aumento de 3,1% frente ao do mês anterior. Na região de Primavera do Leste (MT), o preço médio despencou 24,6% entre maio e junho, a R$ 515,56/t. Quanto às negociações para entregas entre julho e dezembro de 2020 (referentes à safra 2019/20), dados coletados até o dia 30 de junho mostram que o preço médio em Barreiras (BA) subiu 16,3% frente ao mesmo período de 2019, com a média a R$ 504,37/tonelada.

 

Em Primavera do Leste (MT), o preço médio teve alta de 24,4% no mesmo período, a R$ 470,49/t. Em Lucas do Rio Verde (MT), o aumento foi de 21,9% (R$ 383,13/t). Em Campo Novo do Parecis (MT), o valor médio esteve em R$ 370,32/t para entrega no segundo semestre, alta de 29,2% frente ao do mesmo período de 2019 (Assessoria de Comunicação, 7/7/20)