12/12/2023

Algodão: Análise Conjuntural Agromensal Dezembro/23 do Cepea/Esalq/USP

Algodão: Análise Conjuntural Agromensal Dezembro/23 do Cepea/Esalq/USP

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Os preços do algodão em pluma caíram nos mercados interno e externo em novembro, influenciados sobretudo por expectativas de oferta global acima da demanda na atual temporada. Além disso, no Brasil, as quedas estão atreladas à flexibilidade de alguns vendedores, especialmente daqueles que têm o intuito de fazer caixa e/ou de liquidar lotes com qualidade inferior.

 

Parte dos cotonicultores, contudo, segue firme nos valores pedidos, especialmente para a pluma de qualidade superior – esses produtores estão capitalizados e/ou com boa parte da safra 2022/23 já comprometida. Logo, esses players estiveram focados no cumprimento dos contratos a termo, no encerramento do beneficiamento da safra 2022/23 e no cultivo da nova temporada, especialmente da soja.

 

Dessa forma, estão aguardando melhores oportunidades para retomar as negociações de algodão. Comerciantes, por sua vez, continuam realizando negócios “casados” ou adquirem lotes para cumprir programações. Do lado da demanda, indústrias mostraram interesse em novas aquisições apenas para o curto prazo, elevando um pouco as compras no encerramento do mês, visando se programar para o período de final de ano. Contratos a termo foram efetivados para entregas no início de 2024 e também envolvendo a próxima temporada.

 

Ainda, parte das indústrias aponta insatisfação com as vendas dos produtos finais ao consumidor, o que acaba mantendo as fábricas cautelosas para novas compras de matéria-prima. Entre 31 de outubro e 30 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 3,88%, fechando a R$ 3,8628/lp no dia 30.

 

A média do Indicador de novembro, de R$ 3,8958/lp, foi a menor desde julho/23, ficando 4,01% abaixo da de outubro/23 e 22,84% inferior à de novembro/22, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de novembro/23).

 

EXPORTAÇÃO

 

Mesmo diante de gargalos logísticos, como fretes elevados e filas nos terminais portuários, os embarques brasileiros de algodão em pluma da safra 2022/23 vêm registrando bom desempenho. Em apenas quatro meses (de agosto/23 a novembro/23, ou seja, parcial da safra 2022/23), o volume escoado já representa a metade de toda a quantidade embarcada no total da temporada 2021/22 (de agosto/22 a julho/23).

 

Dados da Secex mostram que, em novembro, os embarques brasileiros de algodão em pluma somaram 253,71 mil toneladas, 12% acima de todo o volume escoado em outubro/23, mas 5,5% inferior ao exportado em novembro/22 (de 268,59 mil toneladas). De agosto/23 a novembro/23, já foram embarcadas 770,22 mil toneladas, mais da metade do volume exportado de agosto/22 até julho/23 (1,449 milhão de toneladas).

 

O valor médio da pluma exportada foi de US$ 0,9407lp em novembro/23, altas de 7,4% no comparativo mensal (US$ 0,8755/lp) e de 5,9% no anual (US$ 0,8884/lp), sendo também a maior média mensal desde outubro/22, quando chegou a US$ 0,9506/lp.

 

COMERCIALIZAÇÃO

 

Dados divulgados no dia 13 de novembro pelo Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) apontam que 77,76% da temporada 2022/23 já foi comercializada no maior estado produtor brasileiro, abaixo dos 84,26% registrados no mesmo período da safra anterior e dos 86,29% da média dos últimos cinco anos. Para a próxima safra, o Instituto indica que 50,13% já foram comercializados em Mato Grosso, em linha com a safra passada (51,5%), mas inferior à média dos cinco anos (57,05%).

 

Segundo registros de negócios da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), os contratos a termo da safra 2022/23 para o mercado interno representam 77% da demanda total projetada para a indústria (680 mil toneladas). Em novembro, do total da temporada, foram registradas 1,074 milhão de toneladas, equivalentes a 33,9% da produção nacional estimada, sendo 49,1% para o mercado interno; 40% para o externo; e 11% para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).

 

MERCADO INTERNACIONAL

 

Cálculos do Cepea apontam que as paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) recuaram 7,9% em novembro, para R$ 3,8341/lp (US$ 0,7791/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 3,8447/lp (US$ 0,7813/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 30. Isso é resultado da baixa de 5,58% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) no acumulado de novembro, para US$ 0,8970/lp também no dia 30.

 

O dólar se desvalorizou 2,26% frente ao Real no comparativo mensal, para R$ 4,921/lp. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 31 de outubro e 30 de novembro, o vencimento Dez/23 caiu 2,24%, a US$ 0,7940/lp, e o Mar/23 recuou 4,13%, a US$ 0,8006/lp; Maio/24, 4,56%, a US$ 0,8070/lp; e Jul/24, 4,35%, para US$ 0,8128/lp.

 

ICAC

 

Dados divulgados no dia 1º de dezembro pelo Icac estimam a produção mundial da safra 2023/24 em 24,914 milhões de toneladas, recuo de 0,9% frente às informações do início de novembro/23, mas ainda ligeiramente maior que a temporada anterior (+0,28%). Com o reajuste mensal positivo de 2,54%, o consumo mundial de algodão, por sua vez, deve aumentar 1,13% frente à temporada 2022/23, para 23,945 milhões de toneladas.

 

Assim, o consumo pode ficar 3,89% inferior à oferta. Para o Brasil, especificamente, o Comitê projeta produção de 3,3 milhões de toneladas na temporada 2023/24, aumento de 9,27% frente à safra anterior e o maior volume da história. Com um consumo estimado em 700 mil toneladas e exportação prevista para aumentar 41,01%, chegando em 2,045 milhões de toneladas, o estoque brasileiro pode ficar em 3,634 milhões de toneladas, 18,24% superior ao da temporada 2022/23 e também um recorde.

 

CAROÇO DE ALGODÃO

 

O ritmo de negociações de caroço de algodão esteve enfraquecido em novembro. Parte dos vendedores esteve afastada do spot, à espera de melhores oportunidades, fundamentados na falta de chuva em algumas regiões e na elevação nos valores de produtos substitutos, como soja e milho. Esse cenário, porém, não foi o suficiente para elevar os preços no mês.

 

Levantamento do Cepea mostra que a cotação média do caroço no mercado spot em novembro/23 em Primavera do Leste (MT) foi de R$ 663,90/t, baixa de 1,7% em relação à do mês anterior e retração de expressivos 41,6% sobre a de novembro/22 (R$ 1.136,32/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de outubro/23.

 

Em Campo Novo do Parecis (MT), a média recuou 5,6% na comparação mensal e significativos 48,7% na anual, indo para R$ 553,40/t em novembro/23. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média foi de R$ 510,67/t, queda de 11,2% frente à do mês anterior e de 53,8% se comparada à do mesmo período de 2022.

 

Em São Paulo (SP), a média caiu 4,4% no mês e 31,2% no ano, a R$ 1.095,11/t em novembro/23. Já em Barreiras (BA), a média foi de R$ 997,00/t, alta de 4,1% frente à de outubro/23, mas retração de 35,4% em relação à de novembro/22 (Assessoria de Comunicação, 7/12/23)