Algodão: Análise conjuntural mensal agosto Cepea/Esalq/USP
Em agosto, os preços do algodão em pluma subiram no mercado interno. Apesar da posição firme de vendedores, novos negócios foram registrados no spot, devido à necessidade de indústrias de repor estoques – a maioria, no entanto, envolveu pequenos volumes. De 31 de julho a 31 de agosto, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registrou alta expressiva de 16%, fechando a R$ 3,3110 em 31 de agosto – esta é a maior variação mensal desde janeiro/16, quando o Indicador subiu 16,91%. A média de agosto foi de R$ 3,0949/lp, 12,2% acima da de julho/20 e 25,47% maior que a de agosto/19 – em termos nominais é a maior média desde set/18 (R$ 3,1887/lp).
Com a retomada da economia, aos poucos, indústrias começaram a repor seus estoques da matéria-prima, uma vez que, tradicionalmente, optam por compras conforme a necessidade e em períodos de maior oferta. Do lado vendedor, produtores consultados pelo Cepea seguiram priorizando o cumprimento de contratos a termo, especialmente para exportação, aproveitando a rentabilidade mais atrativa. Entretanto, a recuperação dos preços internos contribuiu para reduzir a diferença entre os valores domésticos e a paridade de exportação.
Apesar de a colheita ter avançado rapidamente no Brasil, favorecida pelas condições climáticas, o beneficiamento ainda é pouco representativo. Dados da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) mostram que, até o dia 27 de agosto, a média da área colhida no País esteve em 83,5% e do beneficiamento, em 25%. Algumas indústrias estiveram fora do mercado para novas negociações em agosto, devido ao recebimento de embarques fechados anteriormente e/ou porque estiveram consumindo estoques. Boa parte das empresas sinalizou recuperação da demanda, melhorando a liquidez no mercado de fios.
Além disso, em agosto, algumas empresas voltaram a realizar novos contratos a termo para entrega programada nos próximos meses. Contudo, agentes permaneceram cautelosos em ampliar o ritmo de produção, receosos de que o crescimento do consumo possa não se sustentar e/ou se recuperar de forma mais intensa. Ainda há preocupação das fiações quanto ao repasse do aumento do custo da matéria-prima para seus produtos.
EXPORTAÇÃO BRASIL
Segundo a Secex, em agosto (21 dias úteis), foram exportadas 109 mil toneladas de pluma, elevação de 41,2% frente ao mês anterior e de expressivos 140,7% ante a agosto/18 (45,3 mil toneladas) – o maior volume desde março/20. O faturamento somou US$ 153,1 milhões, altas de 43,2% no comparativo mensal e de 112,1% no anual (US$ 72,2 milhões). O preço médio de agosto/20, ainda de acordo com a Secex, foi de US$ 0,6371/lp, 12% menor que o do mesmo mês de 2019 (US$ 0,7230/lp). Em moeda nacional, a média foi de R$ 3,4787/lp, elevação de 19,6% se comparada à de agosto/19 (R$ 2,9092/lp) e 12,4% acima da verificada no spot nacional em agosto (Indicador).
MERCADO INTERNACIONAL – Boa parte dos agentes esteve focada nos embarques dos contratos a termo destinados à exportação. Além disso, tiveram novas efetivações envolvendo as temporadas passada (2018/19), atual (2019/20) e próxima (2020/21), tanto a preços fixos como baseados nos vencimentos da Bolsa de Nova York (ICE Futures). Em agosto, a média da paridade de exportação subiu 5,6% no comparativo mensal e 35% no anual, indo para R$ 3,3123/lp na condição FAS (Free Alongside Ship) em Santos (SP), e para R$ 3,3208/lp em Paranaguá (PR) – as maiores desde mar/11, quando eram de R$ 3,3275/lp e R$ 3,3278/lp. Dessa forma, a média de agosto do Indicador CEPEA/ESALQ ficou 7% inferior à paridade. A média do dólar foi de R$ 5,4598/lp em agosto, alta de 3,4% frente a julho/20 e 35,7% maior que em agosto/19.
O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) teve média de US$ 0,6988/lp no mesmo período, avanço de 2% em relação ao mês anterior, mas recuo de 1,6% frente ao mesmo período de 2019. Em agosto, os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiram, influenciados pelo aumento da cotação do petróleo e pelo recuo do dólar no mercado internacional, que elevam a atratividade da pluma norte-americana. Além disso, players acompanham atentamente as condições das lavouras nos Estados Unidos.
O vencimento Out/20 finalizou agosto a US$ 0,6441/lp, alta de 3,39% no acumulado do mês, e o Dez/20 encerrou agosto a US$ 0,6516/lp, elevação de 3,99%. Na mesma comparação, Mar/20 se valorizou 4,43%, a US$ 0,6605/lp, e Maio/20, 4,76%, a US$ 0,6675/lp. Vale considerar que a média dos contratos em agosto foi a maior desde fev/20.
SAFRA BRASILEIRA 2020/21
De acordo com as primeiras perspectivas da safra 2020/21, divulgadas pela Conab em 25 de agosto, estima-se que a área de algodão possa diminuir 10,5% frente à anterior, indo para 1,49 milhão de hectares. A produção no Brasil deve totalizar 2,56 milhões de toneladas e o consumo, 690 mil toneladas, aumentos respectivos de 12,4% e 21,05% na mesma comparação. As exportações estão previstas em 2,01 milhões de toneladas (elevação de 4,69% frente à safra 2019/20), mas o estoque final pode cair 6,88%, para 1,79 milhão de toneladas.
CAROÇO DE ALGODÃO – Com a demanda aquecida, os preços do caroço de algodão atravessaram agosto em alta, assim como os valores dos derivados (torta, farelo e óleo). Enquanto alguns agentes estiveram focados no cumprimento dos contratos realizados anteriormente, outros atenderam à procura no spot, especialmente de pecuaristas. Além disso, os elevados patamares dos preços de soja e milho contribuíram para impulsionar os valores. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em agosto/20, em Barreiras (BA), foi de R$ 807,68/t, avanços de 19,8% em relação ao mês anterior e de expressivos 66,3% se comparado a agosto/19.
Em Primavera do Leste (MT), os aumentos foram de 13,7% no comparativo mensal e de 71% no anual, com a média de agosto a R$ 693,50/t. Em Campo Novo do Parecis (MT), houve alta de 7,4% no mês e de significativos 74,7% no ano, a R$ 625,28/t em agosto/20. No mesmo período, em Lucas do Rio Verde (MT), as médias registraram elevações de 12,1% e de 72,3%, respectivamente, a R$ 637,20/t (Assessoria de Comunicação, 8/9/20)