30/01/2025

Alta dos juros é entrave para o setor de máquinas agrícolas em 2025

Alta dos juros é entrave para o setor de máquinas agrícolas em 2025

COLHEITA DE GRÃOS - Foto Wenderson Araujo - CNA

Em 2024, faturamento do setor de máquinas agrícolas caiu 20%, em comparação a expectativa de 23%, para R$ 60,4 bilhões. 

Os juros são o maior entrave para o crescimento das vendas de máquinas agrícolas em 2025, na visão da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Com a reunião do Comitê Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (29/1), a expetativa é que a Selic chegue a 15%. “Isso significa que na ponta para o produtor, o juro deve chegar a 19% ou 20%, o que é inviável”, afirmou Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Agrícolas da entidade.

Ainda assim, a Abimaq mantém a expectativa de crescimento de 8% no faturamento do setor neste ano, conforme já divulgou a Globo Rural, para cerca de R$ 65 bilhões.

O desempenho melhor se dará pelo clima mais favorável, que deve gerar uma produção recorde de grãos. “O ano passado foi muito ruim, com seca muito severa, que diminuiu a safra. Além disso, o preço das principais commodities - como soja e milho, que representam 70% das vendas - caiu muito e deixou o produtor arredio. O juro alto também dificultou”, reafirmou. Também não houve aumento de área de produção, o que reduz as vendas de expansão, que aconteceram nos últimos anos.

O resultado consolidado do ano de 2024, porém, ficou melhor do que o previsto há alguns meses pela entidade. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (29/1), a Abimaq anunciou que o faturamento do setor de máquinas agrícolas caiu 20%, em comparação a expectativa de 23%, para R$ 60,4 bilhões. A receita líquida interna recuou 21%, para R$ 52,4 bilhões. Somente em dezembro, a receita do setor cresceu 9,5%, em relação ao mesmo mês de 2023 e somou R$ 4,4 bilhões.

José Velloso, presidente da Abimaq, lembrou na coletiva que os números da entidade que representa divergem da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) porque incluem silos, equipamentos de irrigação e outros dos 500 associados. Já os números da Anfavea referem-se apenas a autopropulsados, como a tratores e colheitadeiras.

Em seu balanço do ano passado, a Anfavea divulgou que as vendas de 48,9 mil unidades no atacado representaram recuo de quase 20% em relação a 2023. “A queda foi mais evidente justamente no segmento de colheitadeiras, e não tanto no dos tratores. Para este ano, não se espera mudança no patamar de vendas”

No consolidado de 2024, a Abimaq também apresentou os dados de exportação de equipamentos agrícolas, que recuaram 18%, para R$ 1,5 bilhão. As importações caíram 16,5%, para R$ 1,2 bilhão. Os empregos do segmento diminuíram 3,7% no ano, para 114,42 mil trabalhadores.

No quando geral de tratores e colheitadeiras, a entidade divulgou que foram comercializadas 53.534 unidades no ano passado, uma queda de 17,1%. Desse total, 47.963 foram para o mercado interno (-15,9%) e 5.571 unidades exportadas (-25,6%).

Para 2025, além dos juros, Velloso afirmou que o resultado dependerá de outros fatores, como os primeiros movimentos do novo presidente dos EUA, Donald Trump. Na campanha eleitoral, ele prometeu taxar as importações, sobretudo da China, o que pode afetar fluxos comerciais, elevando os preços das commodities.

O setor também ficará no aguardo do Plano Safra 2025/26 para saber qual o volume de recursos para o Moderfrota (financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos) e Pronaf (financiamento para agricultura familiar). A Abimaq e outras entidades têm até o dia 7 de março para enviar sugestões para o governo federal sobre o Plano Safra (Globo Rural, 29/1/25)