20/02/2018

Alta nos custos de produção desanima produtores leiteiros

Alta nos custos de produção desanima produtores leiteiros

 

Por Caio Monteiro

Os custos de produção da pecuária leiteira iniciaram 2018 em alta, dando continuidade ao movimento observado desde outubro de 2017. O aumento dos custos se contrapõem aos preços baixos pagos pelo litro do leite aos produtores e desestimulam a produção. De dezembro/17 para janeiro/18, o custo operacional efetivo (COE), que considera os gastos correntes da propriedade na “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), subiu 0,88% e o custo operacional total (COT), que engloba pró-labore e depreciações, teve alta de 0,81%.

A elevação nos custos esteve atrelada, principalmente, às valorizações dos concentrados, da suplementação mineral, dos combustíveis e da mão de obra. Por outro lado, a queda de 4,16% nos custos da construção civil e de 0,93% nos preços das sementes forrageiras limitaram o movimento de alta do COE e do COT. O preço do concentrado (22% de PB), principal insumo da pecuária leiteira, registrou leve alta de 1,17% em janeiro na “média Brasil”, de acordo com a pesquisa do Cepea, que monitora as cotações dos insumos nas casas agropecuárias.

Os estados que registraram as maiores valorizações desse insumo foram Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, de 3,09%, 0,91% e 0,32%, respectivamente. Segundo colaboradores do Cepea, esse reajuste é consequência da recente valorização do milho no mercado interno. A relação de troca média do concentrado em janeiro foi de 56,06 litros de leite para se adquirir uma saca de 40 kg. Em janeiro de 2017, a relação era de 51,75 litros, ou seja, houve uma diminuição do poder de compra, que, por sua vez, está relacionada diretamente com a queda na receita do produtor.

A alta de 2,39% nos preços dos combustíveis na “média Brasil” em janeiro também influenciou o aumento nos custos de produção. Essa foi a sexta valorização consecutiva do insumo – desde agosto de 2017, a valorização acumulada é de 12,55%. Os reajustes são derivados da política de taxação sobre os combustíveis adotada pelo governo federal e da nova política de preços praticados pela Petrobras. Consequentemente, as operações que envolvem o uso de má- quinas agrícolas e as operações mecânicas dentro da propriedade se tornaram mais onerosas.

MÍNIMO

O reajuste de 1,81% do salário mínimo nacional a partir de 1º de janeiro impactou nos custos da pecuária leiteira dos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Para o estado de São Paulo, que tem salário mínimo regional, o reajuste já foi definido em 2,99%. Para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que também possuem mínimo regional, ainda não há previsão para a data do reajuste.

FUNRURAL

 A nova alíquota do Funrural para o empregador rural pessoa física passou a valer a partir de 1º de janeiro – a taxa, que antes era de 2%, foi reduzida para 1,2%. A diminuição não afeta o recolhimento para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), de 0,2%, e o destinado ao Risco Ambiental do Trabalho (RAT), contribuição previdenciária para trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho, de 0,1%. Sendo assim, o total recolhido na comercialização passou de 2,3% para 1,5%. Para o produtor, a redução de 0,8 ponto percentual reflete positivamente na receita e, consequentemente, na margem do seu negócio (Cepea/Esalq, 19/2/18)