03/10/2024

Âmbar, dos irmãos Batista, faz nova proposta para assumir Amazonas Energia

Âmbar, dos irmãos Batista, faz nova proposta para assumir Amazonas Energia

Fachada de posto de atendimento da Amazonas Energia, em Manaus - Reprodução/Google Street View

 

Novo plano prevê aporte de R$ 6,5 bi ainda neste ano para reduzir dívida da distribuidora e impacto menor aos consumidores.

A Âmbar Energia pediu nesta quarta-feira (2) que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprove uma nova proposta apresentada para assumir o controle societário da Amazonas Energia, na qual a empresa se compromete com um aporte de R$ 6,5 bilhões ainda neste ano para reduzir a dívida da distribuidora e prevê impacto menor aos consumidores de energia.

A Âmbar, controlada pela holding J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, entrou com recurso administrativo no processo em andamento na Aneel depois de ter rejeitado a proposta aprovada na véspera pela agência, que seguia termos e condições elaborados pela área técnica do órgão.

Na nova proposta da Âmbar, haveria um aporte de capital imediato na concessionária amazonense, a fim de reduzir o endividamento que hoje supera os R$ 10 bilhões.

Já os custos que os consumidores de energia elétrica terão que arcar com as flexibilizações de parâmetros regulatórios da concessão, a fim de contribuir para a recuperação da distribuidora, são calculados agora em R$ 14 bilhões ao longo de 15 anos —montante menor que os R$ 16 bi inicialmente propostos, mas ainda ficam acima dos R$ 8 bilhões calculados como suficientes pela Aneel.

Outra mudança feita pela Âmbar foi no compartilhamento de ganhos de eficiência na concessão com os consumidores de energia, que agora começariam a partir do sexto ano da empresa como controladora, e não mais a partir do décimo primeiro ano ano.

Em nota, a Âmbar afirmou que o plano apresentado é o "caminho mais viável" para evitar o agravamento da insegurança energética para os consumidores do Amazonas e o acúmulo de prejuízos para a União com a situação da concessionária.

 

"O plano apresentado pela Âmbar enfrenta a realidade dos fatos: em 25 anos, sob gestão de duas empresas do setor elétrico, a distribuidora perdeu R$ 40 bilhões, mesmo com diversas flexibilizações regulatórias. Todos os planos desenhados no passado para recuperar a Amazonas Energia falharam e a Âmbar busca evitar a repetição desses erros", disse a empresa.

A Amazonas Energia foi privatizada em 2018, quando a Eletrobras ainda era estatal, e desde então sua controladora, a Oliveira Energia, não conseguiu melhorar a situação econômico-financeira e operacional da distribuidora. Entre os principais problemas estão as perdas não técnicas (furtos) de energia, que chegam a 120%, e o elevado endividamento.

Agentes do setor de distribuição de energia e mesmo bancos como o BTG chegaram a analisar a concessão nos últimos anos, mas a Âmbar foi a única que se dispôs a assumir a concessionária, depois da edição da MP (medida provisória) 1.232/2024 —que alterou uma série de regras no mercado de energia do Amazonas.

A transferência de controle da Amazonas Energia para a Âmbar também está sendo discutida em âmbito judicial. Na semana passada, a Justiça do Amazonas concedeu decisão liminar obrigando a Aneel a aprovar o negócio nos termos apresentados pela Âmbar.

agência recorreu contra a ação. Depois, uma primeira votação da diretoria da Aneel sobre o tema terminou em empate.

Nesta terça, o diretor-geral, Sandoval Feitosa, mudou seu voto e a Aneel aprovou por maioria um plano alternativo ao da Âmbar, com as condições colocadas pela área técnica da agência.

Se aceitasse a proposta da Aneel, a Âmbar teria que solucionar a dívida da distribuidora até o final do ano. Além disso, a Amazonas Energia teria que renunciar ao direito de discutir a transferência de seu controle na Justiça, inclusive na ação judicial em curso (Folha, 3/10/24)