Análise Conjuntural Cepea: Trigo
Os preços externo e interno do trigo apresentaram comportamentos distintos em maio. Enquanto no mercado internacional os valores avançaram, no Brasil, oscilaram, influenciados pela cautela quanto às novas aquisições do produto no País, já que agentes aguardavam um momento mais favorável para negociações – muitos indicaram que as vendas de farinhas estiveram fracas.
Desta forma, as compras do grão foram pontuais ao longo de maio, no intuito de suprir estoques de moinhos no curto prazo. Entre 30 de abril e 31 de maio, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços recuaram 2% no Rio Grande do Sul e 0,9% no Paraná. Já em Santa Catarina, houve ligeira alta de 0,4%.
No mercado de lote (negociação entre empresas), os valores caíram 0,9% no Paraná, 0,6% em Santa Catarina e 0,4% em São Paulo – no Rio Grande do Sul, os preços ficaram praticamente estáveis (+0,2%). Em contrapartida, as cotações subiram nos Estados Unidos e na Argentina. O dólar também se valorizou, chegando a operar acima dos R$ 4,00 em maio – a média do mês foi de R$ 3,995.
Nos Estados Unidos, o impulso veio do clima desfavorável às lavouras de primavera – a possibilidade de a umidade seguir elevada em áreas produtoras do país pode resultar em novos atrasos na implantação do cereal. O contrato Julho/19 do Soft Red Winter, negociado na Bolsa de Chicago (CME Group), subiu 2,4% entre abril e maio, com média de US$ 4,6166/bushel (US$ 169,63/t) no último mês.
Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Winter se valorizou 0,4%, a US$ 4,2193/bushel (US$ 155,03/t) em maio. Na Argentina, o maior volume de venda de farinhas desde as últimas sete safras elevou os preços da matéria-prima em maio, uma vez que indústrias tentaram antecipar as aquisições do cereal no curto prazo.
Dados da Bolsa de Rosário apontam que as exportações de farinhas originadas no país vizinho somam 315 mil toneladas. Desta forma, os valores médios, FOB no Porto de Buenos Aires, tiveram expressiva alta de 9,6% entre 30 de abril e 31 de maio, encerraram o mês a US$ 240,00/tonelada, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agroindústria.
DERIVADOS
Os preços das farinhas recuaram, enquanto os de farelo avançaram. De abril para maio, as cotações das farinhas bolacha salgada, massas em geral, panificação, bolacha doce, pré-mistura, integral e massas frescas caíram 2,13%, 1,93%, 1,81%, 1,78%, 1,18%, 1,07% e 0,45%, nesta ordem. No mesmo comparativo, o preço médio do farelo a granel subiu 3,44% e o do ensacado, 1,63%.
CAMPO
No Paraná, informações divulgadas pelo Deral/Seab mostram que 65% da área havia sido cultivada no estado até o último dia 27 de maio. Das lavouras que estavam no campo, 95% estavam em boas condições e 5%, médias. Destas, 78% estavam em desenvolvimento vegetativo e 22%, em germinação.
No Rio Grande do Sul, a Emater divulgou em maio as primeiras estimativas quanto à área de semeio, produtividade e produção no estado. Os dados apontam que a oferta deve ficar 7,54% inferior à de 2018, a 1,62 milhão de toneladas na safra 2019/20. A produtividade também pode ser menor, em 11,21%, passando para 2,19 toneladas/hectare. Quanto ao semeio, houve pouco avanço em maio, devido à elevada umidade do solo.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura do país (USDA) apontou que 84% do trigo de primavera havia sido semeado até o dia 26 de maio. Na Argentina, de acordo com dados da Bolsa de Cereales, a semeadura havia alcançado 7,7% até o encerramento do mês, cobrindo 490 mil hectares (Assessoria de Comunicação, 5/6/19)