08/10/2024

Aneel autoriza transferência da Amazonas Energia para irmãos Batista

Aneel autoriza transferência da Amazonas Energia para irmãos Batista

Lula se reuniu com os irmãos Batista no Palácio do Planalto. Joesley, à esquerda, de gravata azul, e Wesley, na primeira cadeira do lado direito. Foto: Wilton Junior - Estadão

 

Plano aprovado estabelece que a Âmbar deve receber R$ 14 bilhões nos próximos 15 anos; custo será repassado às contas de luz.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou a transferência do controle da Amazonas Energia para a Âmbar, empresa controlada pela holding J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. A decisão foi oficializada nesta segunda-feira (7), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

Foto Reprodução - Divulgação

As flexibilizações de parâmetros regulatórios da concessão resultarão em R$ 14 bilhões em custos a serem pagos pelos consumidores de energia elétrica ao longo de 15 anos. O montante é menor do que os R$ 16 bilhões inicialmente propostos, mas ainda ficam acima dos R$ 8 bilhões calculados como suficientes pela Aneel.

O plano aprovado estipula também um aporte de capital imediato de R$ 6,5 bilhões na concessionária amazonense para reduzir o endividamento, que hoje supera os R$ 10 bilhões.

Sede da Agência Nacional de Energia Elétrica em Brasília

A autorização se deu depois de uma determinação da Justiça Federal do Amazonas na última quinta-feira (3). A decisão judicial estabeleceu que a agência deveria considerar integralmente o plano de reestruturação apresentado pela Âmbar.

Além do texto que dá aval a transferência do controle societário, a Aneel também deve publicar um segundo despacho no qual autoriza a conversão dos contratos de energia da Amazonas para contratos de energia de reserva. Com a alteração, os custos desses contratos deixam de ser da distribuidora e passam a ser arcados pela Coner (Conta de Energia de Reserva), paga com encargos cobrados dos consumidores na conta de luz.

Em nota, a Aneel afirma que as aprovações se deram em caráter "naturalmente precário" para cumprir a decisão. As autorizações, acrescenta, só irão perdurar enquanto vigorar a decisão judicial.

"A Aneel seguirá envidando esforços de atuação processual, seja no agravo de instrumento já interposto, seja em novas medidas a serem avaliadas junto aos órgãos de atuação contenciosa da Procuradoria-Geral Federal", diz.

Ainda de acordo com o comunicado, está mantida a reunião extraordinária da diretoria da agência para debater os aspectos administrativos do tema, marcada para esta terça-feira (8).

A Amazonas Energia foi privatizada em 2018, quando a Eletrobras ainda era estatal, e desde então sua controladora, a Oliveira Energia, não conseguiu melhorar a situação econômico-financeira e operacional da distribuidora. Entre os principais problemas estão as perdas não técnicas (furtos) de energia, que chegam a 120%, e o elevado endividamento.

Agentes do setor de distribuição de energia e mesmo bancos como o BTG chegaram a analisar a concessão nos últimos anos, mas a Âmbar foi a única que se dispôs a assumir a concessionária, depois da edição da MP (medida provisória) 1.232/2024, que alterou uma série de regras no mercado de energia do Amazonas (Folha, 8/10/24)