Apesar da alta de custo, agropecuária terá rentabilidade em 2023
AGRONEGÓCIOS Foto Blog Conhecimento Científico
No setor de grãos, a exceção fica para o arroz, enquanto nas carnes, a bovina tem melhor cenário, segundo a Conab.
Mesmo com a aceleração dos custos dos insumos para a agropecuária neste ano, a margem líquida dos produtores, em relação ao custo operacional, deverá ser positiva em 2023.
A taxa não deverá repetir o bom patamar das safras recentes, mas volta ser a positiva. As estimativas são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), com base em um modelo estatístico que leva em consideração as linhas superiores e inferiores de preços pagos aos produtores e dos custos de produção.
Allan Silveira dos Santos, superintendente de Estudos de Mercados e Gestão da Oferta, afirma que o setor vai ter rentabilidade, mas menor do que 2021, quando foi excelente.
Naquele ano, os preços da commodities subiram rapidamente, devido à forte demanda internacional. Já os custos dos insumos vieram tendo elevação paulatina, mas aceleraram neste ano.
O superintendente da Conab diz que agora, com os preços das commodities mais estabilizados e custos mais elevados, a margem líquida dos produtores deve voltar para o período pré-pandemia.
A rentabilidade deve continuar porque a oferta de produtos não é abundante. As dificuldades da Ucrânia em produzir e em exportar continuam. Além disso, os Estados Unidos mantêm estoques baixos e ainda com um cenário de safra com algumas incertezas, devido ao clima.
A China, que está com uma produção mais industrializada, amplia a agroindústria no país e vem aumentando as compras de milho. O país é líder mundial nas importações de soja .
Com isso, o ano de 2023 deverá ser um período de reequilíbrio de estoques. Só na safra seguinte, em 2024, o mercado ficaria mais abastecido e confortável, afirma Santos.
Nos cenários de preços e de custos traçados pela Conab, apenas o arroz deverá ter uma queda na margem líquida de 2023. O recuo seria de 1%. O órgão divulgou dados de arroz, algodão, feijão, milho e soja.
A soja e o milho, com base em informações de Mato Grosso, deverão atingir margens positivas de 23% e 7%, respectivamente. Já o algodão fica com 43%, e o feijão, com 29%.
Nas carnes, a rentabilidade deve ser menor do que nos grãos. A avicultura, quando a Conab considera um comportamento neutro dos preços, mas custos baixos, pode atingir uma margem positiva de 2%. Em um cenário de preços neutros e custos elevados, porém, haverá uma margem negativa de 22%.
Na suinocultura, a ocorrência de preços neutros e de custos baixos daria uma margem líquida de 7% ao setor. Nesse mesmo cenário de preços, mas com custos elevados, a perda seria de 18%.
A bovinocultura deverá ter um cenário um pouco mais confortável, nos cálculos da Conab. Custos neutros e preços baixos gerariam uma margem líquida de 46%. No caso de preços neutros e custos altos, a margem seria positiva em 2% (Folha de S.Paulo, 26/8/22)