Apesar do clima, Paraná deverá ter boa safra de soja
LAVOURA DE SOJA Imagem ReutersTom Polansek.jpg
Lavouras da região norte do estado vão bem e poderão compensar sul e sudeste.
Boa parte dos produtores de soja do Paraná pode passar por esse ano de dificuldades climáticas sem grandes traumas. Pelo menos é o que indicam as condições das lavouras de 2023/24 até agora.
No norte do estado, o quadro é excepcional, afirma Carlos Hugo Winckler Godinho, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná. Embora o produtor tenha tido dificuldades no plantio, devido ao tempo quente e a pouca chuva, as lavouras se desenvolvem bem.
As duas últimas semanas de sol permitiram uma boa evolução das plantas, que cresceram e as copas delas se encontraram, mantendo o solo mais úmido e evitando a evapotranspiração.
No oeste do estado, o excesso de chuva provocou erosão em algumas áreas, obrigando os produtores a fazer um replantio. Os custos de produção subiram, mas as lavouras não apresentam grandes problemas, segundo o analista do Deral. O replantio de soja no estado deverá ser de 2%, prevê o Deral.
Já as regiões sul e sudeste do estado tiveram um cenário um pouco mais complicado, com pouca luminosidade. O sol dos últimos dias, porém, ajudou no desempenho das lavouras. As condições não são excelentes, mas podem ser classificadas como boas, afirma ele.
Godinho diz que ainda é cedo para uma avaliação de produtividade e de produção final no estado. Ele acredita, no entanto, que as perdas do sul e do sudeste possam ser compensadas por uma melhora na produtividade do norte do estado.
O Deral vai reavaliar as condições das lavouras ainda nesta semana, e os números podem mostrar que o Paraná, pelas condições atuais, volta a ter uma safra boa de soja. Não atingirá, no entanto, o recorde de 22,4 milhões de toneladas do ano passado.
No final de novembro, o Deral previa uma safra de 21,8 milhões de toneladas para 2023/24. A área de plantio teve um pequeno avanço, ficando em 5,81 milhões de hectares, mas a produtividade deverá recuar para 3.750 quilos por hectares.
Preços e custos de produção não incentivaram muito os produtores de milho da região. O cereal perde espaço para a soja no verão e para o trigo na safrinha.
Com a recuperação da safra no Sul, a produção de soja deverá subir para 46,5 milhões de toneladas nos três estados. Rio Grande do Sul e Paraná, com 21,8 milhões de toneladas, disputam a segunda posição, uma vez que a liderança nacional é de Mato Grosso, que produzirá 43,5 milhões.
A produção de soja no Sul volta para padrões normais na safra a ser colhida em 2024. Em 2022, devido à crise climática, o volume produzido foi de apenas 23,4 milhões de toneladas, só superior aos 18,6 milhões de 2012, período de longa seca.
Na avaliação do IBGE, a região Sul elevará em 20% a produção de 2024, enquanto o Centro-Oeste terá queda de 7%.
A Conab, devido ao calor intenso e a chuvas irregulares, principalmente no Centro-Oeste, reviu a produção de soja do país para 160 milhões de toneladas. O IBGE prevê 152,5 milhões.
Em vista da queda média dos preços da oleaginosa, o VBP (Valor Bruto de Produção) nacional da soja recua 5%, para R$ 318 bilhões no próximo ano.
O plantio nacional, estimado em 45,3 milhões de hectares pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), atingiu 94% na semana passada, segundo a AgRural (Folha, 19/12/23)