Apesar do recuo no final do ano, PIB do agro é o único a crescer
Legenda: Caminhão carregado com soja em cooperativa na zona rural de Planaltina, região administrativa do DF - Pedro Ladeira/Folhapress
Aumento da taxa anual foi de 2%; no último trimestre, o setor teve recuou de 0,5%, segundo o IBGE.
O PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária tomou rumo diferente do dos demais setores da economia no ano passado. Terminou o ano com evolução acumulada de 2%, e foi o único a crescer.
No último trimestre, no entanto, mostrou fraquezas, e foi o único a registrar queda, conforme os dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE.
O crescimento do PIB agrícola em 2020 já era esperado, embora o mercado apostasse em taxa ainda maior. Apesar da pandemia, o setor manteve seu ritmo de plantio, de colheita e de transporte das mercadorias.
O setor foi ajudado, ainda, por uma boa produção e aumento de produtividade. A soja, o carro-chefe da agropecuária, atingiu safra recorde de 122 milhões de toneladas no ano, um volume 7,1% superior ao de 2019. A evolução de 3,5% na produtividade permitiu esse patamar recorde.
O café, que teve aumento de 24% na safra, também foi um dos suportes do PIB agropecuário. A evolução de 19% na produtividade dos cafezais permitiu safra recorde.
Cana-de-açúcar, algodão e trigo, devido ao melhor rendimento no campo, também tiveram boa participação no PIB no ano passado.
Já no último trimestre, o PIB agropecuário recuou 0,5%, em relação ao período imediatamente anterior, e 0,4%, sobre o quarto trimestre de 2019.
Essas quedas se devem à perda de fôlego de algumas culturas importantes, como a de laranja e a de fumo, afetadas pelo clima.
Na avaliação do IBGE, a produção de laranja recuou 11% em 2020. A citricultura passou por uma das piores secas das últimas décadas, o que resultou em uma retração de 7% na produtividade dos pomares.
A lavoura de fumo, também importante neste período do ano, teve perda de 6% na produtividade. Com isso, o volume produzido caiu 8,4%, nas contas do IBGE.
Apesar do desempenho ruim de algumas culturas, a lavoura compensou perdas na pecuária. A escassez de animais no pasto fez a bovinocultura produzir 6,5% menos carne em 2020.
Suinocultura e avicultura tiveram evoluções positivas, mas em ritmo menor do que em 2019. A produção de carne de suínos aumentou 1,7%, e a de frango, 5,2%.
O PIB agropecuário de 2021 voltará a ter taxas positivas, mas contidas. Cana-de-açúcar, café e algodão terão safras menores, enquanto milho e laranja repetirão os volumes produzidos em 2020.
A soja vai incrementar o setor, mas deverá inibir a expansão do PIB de janeiro a março, devido ao atraso na colheita e à menor oferta da oleaginosa no período.
A produção do ano, contudo, superará 130 milhões de toneladas, segundo o IBGE. Algumas estimativas já indicam volume superior a 133 milhões.
O efeito da Covid-19, que assustou o setor no início da pandemia, não deverá afetar muito as atividades agropecuárias neste ano. Já foi assim em 2020 (Folha de S.Paulo, 4/3/21)