Após 8 quedas, preço do leite sobe para produtores
Depois de oito meses seguidos de queda, o preço do litro do leite aos produtores subiu em fevereiro, tendência que deve ser mantida nos próximos meses.
A alta em fevereiro ocorreu por causa da redução da oferta no campo e de um leve aquecimento da demanda, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, divulgados nesta quarta-feira (28).
O leite teve alta em fevereiro de 3,8% na chamada média Brasil, que engloba sete Estados produtores ""Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Com isso, o litro foi comercializado a R$ 1,024, o que representou R$ 0,03 de aumento em relação ao valor de janeiro. Dos sete Estados, só a Bahia não teve alta em fevereiro em comparação com o mês anterior.
"O ano passado foi de preços baixos, todas as indústrias tinham volume de lácteos estocados e o preço pago ao produtor foi caindo precocemente. Essa queda normalmente começa em agosto ou setembro, mas no ano passado já começou em junho", disse Lucas Henrique Ribeiro, analista de mercado de leite do Cepea.
Como comparação, em setembro, já no ciclo de queda, o preço estava em R$ 1,0843 e, em janeiro, foi a R$ 0,9832 o litro --sem frete e sem impostos. Nos Estados, o valor mais alto foi em fevereiro praticado em São Paulo (R$ 1,0945) e omais baixo, em Goiás (R$ 0,9511).
Com a queda nos preços, produtores ficaram desmotivados e muitos até desistiram da atividade, migrando para o gado de corte. O fenômeno, de acordo com o Cepea, foi registrado em todo o país, mas principalmente no Sul.
"Os preços cada vez estavam mais baixos e não compensava manter como estava, era prejuízo certo", afirmou o produtor rural João Oliveira, de Cerqueira César (SP), que passou a priorizar o gado de corte.
Na cidade, o setor ainda sofreu o impacto do fechamento da unidade de leite UHT (longa vida) da Mococa, uma das mais tradicionais produtoras de laticínios do interior e que encerrou a captação de leite no último dia 6.
Ribeiro, do Cepea, disse que a alta da ração, que é um dos principais insumos para a produção, segura a oferta. "O produtor vê os preços da ração subindo e não se motiva a investir na atividade, [isso] vai segurar a oferta de leite para próximos meses", disse.
BOLSO
Termômetro para o consumidor, o preço do leite UHT, o mais consumido no país, valorizou 3,7% só na primeira quinzena de fevereiro. O leite negociado entre indústrias e atacado em São Paulo já acumula alta de 15,7% desde a segunda quinzena de janeiro.
No varejo, o longa vida custava em janeiro R$ 2,88, ante os R$ 3,32 de maio do ano de 2017, de acordo com dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo (Folha de S.Paulo, 3/3/18)