Área menor de milho nos EUA beneficia Brasil
CAPA LAVOURA DE MILHO FOTO DIVULGAÇAO
Usda divulga dados de plantio nesta quinta-feira (31); analista prevê recuo de 1 milhão de hectares.
Os números da área de plantio nos Estados Unidos, dados a serem divulgados nesta quinta-feira (31), não serão definitivos, mas já poderão indicar um bom cenário para os produtores de milho do Brasil.
Os dados serão apresentados pelo Usda (Departamento de Agricultura do Estados Unidos) e indicarão as preferências iniciais dos produtores nas principais culturas do país.
Em vista dos preços mundiais, os norte-americanos dos estados do Norte optam mais pelo trigo. Em estados do Sul, como no Mississippi, onde o milho ganha espaço do algodão em determinados anos, o cenário não deverá se repetir neste.
O algodão está com preços recordes e será difícil para o milho atrair a preferência dos produtores dessas regiões.
Já no Meio-Oeste, onde estão concentrados os maiores produtores de milho do país, o custo dos nitrogenados disparou, pesando muito no bolso dos agricultores.
Produtores de Iowa, Illinois, Indiana, Nebraska e Minnesota, líderes na produção de milho, vão pesar bem os custos e as receitas entre soja e milho ante de colocarem as máquinas no campo.
Diante desse quadro desfavorável para o milho, Fernando Muraro, diretor da AgRural, diz que está curioso para saber qual será o número referente à área de milho a ser divulgado pelo Usda nesta quinta-feira.
A aposta dele é de uma redução de pelo menos 1 milhão de hectares. Se o Usda não confirmar essa área agora, poderá ir fazendo ajustes nos dados ao longo dos próximos meses, como faz todo ano. Foi o que ocorreu na safra 2021/22, diz ele.
Se os cálculos de Muraro estiverem corretos, a produção de milho dos norte-americanos poderá recuar de 12 milhões a 15 milhões de toneladas.
Um volume desse, em um período em que não se sabe o quanto a Ucrânia vai conseguir semear, interfere no mercado mundial. O milho brasileiro da safrinha vai ser importante nesse balanço de oferta e demanda mundiais.
No caso da soja, a expansão de área a ser anunciada será de 600 mil a 800 mil hectares, na avaliação do analista.
Para ele, o mundo passa a olhar, a partir de agora, para o desenrolar da safra nos Estados Unidos, não deixando de acompanhar, porém, o clima na safrinha brasileira.
Os norte-americanos vão semear a safra 2022/23. Na anterior, a área de soja foi de 35,3 milhões de hectares, com produção de 121 milhões de toneladas, e a de milho atingiu 37,8 milhões de hectares, com um volume colhido de 384 milhões de toneladas. Os números são do Usda.
Após uma terça-feira de quedas, as commodities agrícolas registraram forte elevação nesta quarta-feira nos mercados de Chicago e de Nova York. O trigo e a soja subiram 1,3%; o milho, 1,6%.
O café e o algodão tiveram as maiores altas do dia, com valorizações de 3,2% e de 2,3%, respectivamente. O contrato de maio do algodão foi a US$ 1,40 por libra-peso (Folha de S.Paulo,31/3/22)