Arroz: Análise Agromensal Conjuntural Cepea/Esalq/USP Novembro/2021
FOTO FAZENDA ARROZ DIVULGAÇÃO INTERNET
Pelo terceiro mês consecutivo, os preços do arroz em casca caíram no Rio Grande do Sul. Como consequência, os valores passaram a operar abaixo dos custos totais de produção, cenário que não era verificado desde abril de 2020, segundo levantamento da Equipe de Custos do Cepea. Neste caso, ressalta-se que, desde o início da pandemia, houve restrição na oferta de importantes matérias-primas, o que, em conjunto com a forte valorização do dólar, encareceu significativamente os insumos utilizados na produção do cereal.
De outubro para novembro, a média do Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz (58% grãos inteiros e pagamento à vista) recuou 9,82%, a R$ 65,17/saca de 50 kg. Dentre as microrregiões que compõem o Indicador, as desvalorizações no mesmo período estiveram entre 8,9% e 10,32%. No geral, a demanda interna não apresentou sinais de recuperação consistentes e boa parte das unidades de beneficiamento indicou baixa necessidade de aquisição ao longo de novembro. Além disso, muitas indústrias costumam interromper as atividades em dezembro.
Assim, o setor arrozeiro segue apostando na continuidade das exportações, para a redução dos estoques de passagem tanto desta quanto da próxima temporada. Em conjunto com este cenário, o bom avanço do desenvolvimento das lavouras no Rio Grande do Sul tem renovado a expectativa de boa produtividade, o que, por sua vez, acaba deixando produtores ainda mais receosos quanto ao escoamento do cereal remanescente da safra 2020/21. Num primeiro momento, estes mostraram interesse em depositar o arroz em casca nas unidades de beneficiamento, mas sem definir data e preço de comercialização, com intuito de liberar os armazéns para a chegada da nova safra. Indústrias, no entanto, indicaram que já tem boa parte do espaço físico comprometida e não há excedente disponível.
Para os demais rendimentos acompanhados pelo Cepea, o movimento também foi de queda nos preços. Para o produto de 50% a 57% de grãos inteiros, houve forte desvalorização de 10,9% entre outubro e novembro, com a média indo para R$ 63,41/sc de 50 kg. Para o de 59% a 62% de inteiros, o recuo foi de 9,82%, a R$ 65,70/sc em novembro. Para o arroz de 63% a 65% de grãos inteiros, houve baixa de 10,34% no mesmo período de comparação, a R$ 66,06/sc.
CAMPO
Em novembro, a semeadura avançou no Rio Grande do Sul, maior estado produtor do arroz no Brasil, atingindo 98% da área total destinada à cultura, segundo dados da Conab. Em relação aos demais estados brasileiros, a semeadura somava 99,7% da área estimada em Santa Catarina, 50% em Goiás, 45% no Tocantins e 3% no Maranhão.
SECEX
As oscilações das paridades de exportação e de importação – que são influenciadas por variações nos preços externos e do dólar – e as incertezas sobre a dinâmica do mercado nacional nos próximos meses deixaram agentes mais cautelosos em realizar novas negociações de arroz em casca. Dados da Secex apontam que, em novembro/21, as importações somaram 61,59 mil toneladas, volume 11,8% abaixo do registrado em outubro/21 e 67% inferior ao de novembro/20. Já as exportações totalizaram 26,34 mil toneladas, 80,9% abaixo das de outubro e 63,8% inferiores às de novembro/20 (Assessoria de Comunicação, 6/12/21)