Arroz: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Julho/2020
Os preços do arroz em casa casca seguiram em alta no mercado sul-rio-grandense em julho, renovando as máximas nominais e se aproximando do patamar recorde. O impulso veio da demanda, que esteve aquecida praticamente todo o mês, mesmo diante de dificuldades reportadas nas negociações do arroz beneficiado nos setores atacadista e varejista de grandes centros consumidores. Além disso, produtores também limitaram os lotes disponíveis, reforçando o movimento de alta nas cotações internas. Boa parte dos orizicultores, em meio à flexibilização de pagamentos e venda de outros produtos, esteve afastada da comercialização do arroz em casca no mercado spot, negociando apenas quando era atrativo ou quando houve necessidade de “fazer caixa”.
Chamaram a atenção no período o aumento no número de intenções de comercialização na modalidade “a retirar”, com pagamentos mais curtos ou antecipados, e a menor criticidade de preços quanto à classificação (impurezas e umidade). No encerramento de julho, o Indicador ESALQ/SENAR, 58% grãos inteiros, com pagamento à vista, fechou a R$ 64,67/saca de 50 kg, o maior valor nominal de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2005, e pouco abaixo do patamar recorde real, de R$ 69,95, observado em maio de 2008 (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI). A
média de julho ficou 4,43% superior à de junho e expressivos 39,21% acima da de julho/19, em termos reais. Ressalta-se que, mais no encerramento do mês, alguns produtores passaram a pedir R$ 70,00/sc pelo arroz a retirar em suas propriedades. Este movimento de alta foi verificado em todas as regiões levantadas pelo Cepea do Rio Grande do Sul. De junho para julho, as médias subiram 3,84%, na Zona Sul, a R$ 67,37/sc, 3,88%, na Planície Costeira Interna, a R$ 66,14/sc; 4,78%, na Fronteira Oeste, a R$ 64,23/sc; 4,55%, na Depressão Central, a R$ 61,39/sc; 5,95%, na Campanha, a R$ 62,31/sc e 3,97%, na Planície Costeira Externa, a R$ 65,86/sc.
Para as demais faixas de rendimentos acompanhadas pelo Cepea, as cotações também foram recordes. Para o arroz em casca de 59% a 62% de grãos inteiros, o preço médio de julho foi de R$ 65,21/sc de 50kg, 4% maior que o registrado em junho; para o de 50% a 57% de grãos inteiros, o fechamento de julho foi de R$ 62,42/sc, com aumento de 3,66% em relação ao mês anterior, e, para o arroz de 63% a 65% de grãos inteiros, o avanço foi de 4,5%, a R$ 67,03/sc. Em relação a julho/19, as elevações foram de, respectivamente, 49,1%, 43,53% e 47%.
MATO GROSSO
O cenário no mercado mato-grossense em julho foi similar ao observado no Rio Grande do Sul. Com a baixa oferta, devido à estratégia de distribuição parcial de lotes para o período que antecede a próxima safra, indústrias locais tiveram dificuldade na aquisição do arroz em casca e os preços foram alavancados, diminuindo a competitividade do produto nas regiões Sudeste e Nordeste. No correr de julho, o preço médio oscilou entre R$ 67,00 e R$ 84,00/sc de 60 kg posto na indústria da região de Sinop/Sorriso, para os rendimentos de 50% a 57% de grão inteiros. Em junho, vale lembrar, o intervalo esteve de R$ 62,00 a R$ 69,00/sc de 60 kg (Assessoria de Comunicação, 5/8/20)