Arroz: Análise Conjuntural Cepea/Esalq/USP Agromensal Agosto/21
Em agosto, o Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz 58% grãos inteiros (média ponderada e pagamento à vista) oscilou entre R$ 75,83/sc e R$ 77,93/saca de 50 quilos. Na primeira quinzena de agosto, os preços do arroz em casca subiram 3%. Este movimento refletiu a demanda firme em algumas microrregiões acompanhadas pelo Cepea para recompor estoques – compradores reportaram preferência até mesmo pelo arroz “livre” (armazenado nas propriedades dos produtores). No entanto, esse cenário se inverteu na segunda metade do mês, com recuo de 1,75% do Indicador. Durante boa parte do mês, agentes aguardaram melhor definição do mercado, especialmente em relação à procura pelo arroz beneficiado, para negociar grandes volumes.
As unidades de beneficiamento seguiram indicando dificuldades na comercialização e na manutenção dos preços do arroz beneficiado junto aos grandes centros consumidores e, por isso, negociaram primeiro os estoques antes de adquirir novos lotes. Contudo, a baixa procura e os menores preços na venda do fardo do arroz beneficiado para os setores atacadistas e varejistas pressionaram as cotações da matéria-prima no final do mês. Do lado vendedor, parte dos orizicultores esteve mais flexível na segunda quinzena, para pagamentos de custeios.
Apesar das oscilações, no balanço de agosto (30 de julho e 31 de agosto), o Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz 58% grãos inteiros (média ponderada e pagamento à vista) subiu 1%. A média de agosto, de R$ 77,18/sc, avançou 7,45% frente à de julho, sendo a mais alta em três meses. No balanço mensal, todas as seis microrregiões que compõem o Indicador apresentaram aumentos. Os valores subiram 8,5% na Planície Costeira Interna, com média de R$ 77,66/sc de 50 kg, e, na Campanha, Fronteira Oeste e Planície Costeira Interna, os preços subiram, em média, 7,5%, encerrando o mês a R$ 75,34/sc, R$ 77,05/sc e R$ 79,11/sc, respectivamente.
Com aumentos de 7% estão a Depressão Central e a Zona Sul, com médias de R$ 75,41/sc e R$ 77,67/sc. Em relação aos demais rendimentos acompanhados pelo Cepea no Rio Grande do Sul, o produto de 63% a 65% se valorizou 7,33% entre julho e agosto, encerrando em R$ 79,03/sc de 50 kg. O preço médio do arroz de 59% a 62% registrou aumento de 7,51% no mesmo comparativo, a R$ 78,17/sc. Para o arroz de 50% a 57%, a alta foi de 6,42%, a R$ 75,70/sc.
No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15 – considerado uma prévia da inflação), divulgado pelo IBGE no último dia 25, foi de 0,89% em agosto. Especificamente para o arroz, na média nacional, os dados do IPCA-15 apontam queda de 2,39% entre 14 de julho e 13 de agosto em relação à média de 15 de junho a 13 de julho deste ano.
EXPECTATIVA PARA 2021/22
A área cultivada com arroz em casca no Brasil deve ter tímido crescimento de 1,4% na safra 2021/22 frente à anterior, de acordo com as estimativas iniciais da Conab, a 1,7 milhão de hectares. A produção brasileira pode alcançar 11,79 milhões de toneladas, apenas 0,4% acima do observado na safra passada (11,74 milhões de toneladas). Quanto à produtividade esperada, pode recuar 0,9%, com média de 6,94 toneladas/hectare.
As exportações de arroz na safra 2021/22 devem alcançar 1,4 milhão de toneladas, enquanto as importações tendem a se manter na casa de 1 milhão de toneladas. Com o maior estoque inicial, somado à produção crescente e ao consumo relativamente estável frente ao da safra passada, é possível que os estoques atinjam 2,87 milhões de toneladas no final de dez/22, os maiores desde a temporada 2010/11, quando somaram 3,3 milhões de toneladas (Assessoria de Comunicação, 3/9/21)