11/01/2024

Arroz: Análise Conjuntural Cepea/Esalq/USP Retrospectiva 2023

Arroz: Análise Conjuntural Cepea/Esalq/USP Retrospectiva 2023

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Os preços do arroz encerraram 2023 operando em recordes nominais da série histórica do Cepea e se aproximando dos maiores patamares reais. No primeiro semestre, as cotações até cederam, como sazonalmente é observado, tendo em vista que esse é o período de maior oferta. No entanto, à medida que os estoques foram se reduzindo, os valores do arroz passaram a apresentar altas expressivas no segundo semestre.

 

No último trimestre do ano, as variações positivas foram ainda mais intensas, com os preços sendo impulsionados por preocupação relacionadas à nova safra, que registrou problemas no campo, por conta do clima desfavorável. Assim, enquanto no primeiro semestre (entre 29 de dezembro de 2022 e 30 de junho de 2023), o Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) caiu 10,7%, na segunda metade do ano (de 30 de junho a 28 de dezembro de 2023), houve avanço expressivo, de 54,6%.

 

No dia 19 de dezembro, o Indicador CEPEA/IRGA-RS atingiu o recorde nominal, de R$ 130,79 por saca de 50 kg, com o aumento no ano sendo de 42,4%. Em termos reais, a média de dezembro/23, de R$ 127,36, foi a maior desde outubro/20, quando foi de R$ 128,45 – o recorde mensal da série do Cepea, de R$ 131,92, foi verificado em setembro/20 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).

 

De janeiro/20 (ano de pandemia) a dezembro/23, os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul (Indicador CEPEA/IRGA) acumulam aumentos nominal de 163,9% e real de 77,2% (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Ao se considerar os valores do arroz beneficiado, a elevação nominal é de 79% até novembro/23 – neste caso, ainda não há dados disponíveis para dezembro/23 –, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Agora, ao se considerar os preços de arroz no varejo, medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e pelo IPCA-15, as elevações são de 17,70% até novembro/23 e de 23,69% até meados de dezembro/23, respectivamente.

 

Assim, apesar das defasagens de ajustamento, as variações ao produtor e ao varejo são praticamente equivalentes, havendo descasamento apenas dos preços do beneficiado no atacado.

 

EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

 

As importações brasileiras de arroz em base casca totalizaram 1,42 milhão de toneladas em 2023, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Do lado das exportações, no mesmo período, os embarques do arroz em base casca somaram 1,75 milhão de toneladas. SAFRA 2022/23 – A produção da temporada 2022/23 foi estimada pela Conab em 10 milhões de toneladas, 7% menor que a anterior.

 

Somando a produção aos estoques iniciais (de janeiro/23), de 2,31 milhões de toneladas, e às importações, de 1,4 milhão de toneladas (entre janeiro e dezembro/23), a disponibilidade interna ficaria em 13,74 milhões de toneladas. Desse total, a previsão é que 10,25 milhões de toneladas fossem consumidas internamente, e 1,8 milhão de toneladas, exportadas.

 

Assim, o estoque final, em dezembro/23, está estimado em 1,7 milhão de toneladas. Dados do USDA apontam que a produção global de arroz beneficiado na safra 2022/23 foi projetada em 512,9 milhões de toneladas, estável frente à anterior. O consumo apresenta elevação de apenas 1,1%, somando 521 milhões de toneladas de arroz beneficiado.

 

O estoque global chegou a 174,74 milhões de toneladas, 4,4% menor que o de 2021/22. Em termos de transações mundiais, são esperadas importações/exportações de 52,4 milhões de toneladas na safra 2022/23, contra 56,12 milhões de toneladas na 2021/22, queda de 6,6% no período (Assessoria de Comunicação, 8/1/24)