07/05/2020

Arroz:Agromensal Cepea abril/2020

Arroz:Agromensal Cepea abril/2020

Na contramão do esperado para o período de colheita, pesquisas do Cepea apontam que o preço do arroz em casca registrou expressiva alta em abril no Rio Grande do Sul, devido à necessidade de compra das indústrias para atender às aquecidas demandas interna e externa. O Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros (média ponderada), subiu expressivos 10,21% no acumulado de abril (de 31 de março a 30 de abril), fechando a R$ 57,22/sc de 50 kg no dia 30.

 

A média mensal foi de R$ 54,74/saca, 9,91% superior à de março. Esses valores são recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em 2005, mas, em termos reais (ou seja, considerando-se a inflação para o período, com base no IGP-DI até março/20), o Indicador atual é o maior desde fevereiro/17 – já a maior média real, de R$ 68,09/sc, foi registrada em maio de 2008.

 

De acordo com colaboradores do Cepea, diante da necessidade de repor estoques e atender aos pedidos dos grandes centros consumidores, abril foi marcado pela demanda aquecida de indústrias, principalmente do Sudeste e Centro-Oeste. No entanto, mais para o final do mês, algumas indústrias, principalmente as do Rio Grande do Sul, sinalizaram desaceleração nas compras do beneficiado por parte de consumidores finais. De acordo com o IBGE, o repasse dos custos já chegou aos poucos ao varejo, mesmo que em menores intensidades. Vale considerar que os estoques de passagens eram bem baixos em março, quando se iniciou o ano-safra 2019/20, segundo dados da Conab.

 

Desde então, houve um deslocamento da demanda para o mercado varejista, chegando até as unidades beneficiadoras. Assim, com o aumento da procura, os preços do casca subiram de forma expressiva, atraindo alguns produtores. Outros, entretanto, aguardaram para realizar as vendas, na expectativa de cotações mais elevadas.

 

CORONAVÍRUS

Quanto ao impacto do atual cenário de saúde pública no mercado de arroz, na primeira quinzena de abril, colaboradores do Cepea reportaram, em alguns casos, dificuldade em adquirir o produto em casca para cumprir contratos. Produtores limitaram as ofertas da matéria-prima e supermercadistas seguiram demandando o beneficiado, com o intuito de estocar o produto final para atender à procura de consumidores de arroz, triplicando suas compras.

 

Outro ponto que chamou a atenção foi a distinção de cenários logísticos. Algumas empresas relataram que as entregas para estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro registraram custos maiores, considerando-se que a produção industrial nestas localidades – que anteriormente ocupava os caminhões no retorno ao Rio Grande do Sul – esteve limitada em abril.

 

Assim, de modo geral, beneficiadoras consultadas pelo Cepea reportaram que arcaram com maior valor de frete para que os caminhões retornassem vazios, a fim de realizar novos carregamentos na origem. Além disso, houve dificuldades para encontrar borracharias, concessionárias e restaurantes abertos, dentre outros estabelecimentos de suporte aos caminhoneiros.

 

Por outro lado, as entregas seguiram em bom ritmo, chegando a ser realizadas inclusive com utilização de caminhões terceirizados. Houve sinalização de bons volumes do arroz em casca em depósitos de indústrias e cooperativas, devido à colheita no Rio Grande do Sul, resultando em boa disponibilidade para cumprimento de contratos já efetivados.

 

MERCADO VAREJISTA

No varejo, dados do IBGE para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), apontaram que, entre 17 de março e 14 de abril deste ano, os preços médios do arroz subiram 3,28% em relação à média de 12 de fevereiro a 16 de março deste ano. Variações acima da média foram registradas nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (6,62%), Fortaleza (4,29%), Recife (3,47%) e São Paulo (3,34%).

 

As cotações na região metropolitana de Porto Alegre, por sua vez, tiverem variação igual à média nacional. Nos últimos 12 meses, a variação do Índice acumula alta de 6,43% na média nacional, oscilando entre 3,17% e 8,77% entre as 11 regiões metropolitanas consideradas pelo IBGE.

 

CAMPO

No campo, a colheita no Rio Grande do Sul segue para a reta final, com 94,6% da área, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) (Assessoria de Comunicação, 6/5/20)