07/06/2018

As startups querem mudar o campo

Para Pedro Englert, presidente da StartSe, investimentos em startups de agronegócio são tendência no País

Setor agrícola perde apenas para serviços financeiros na hora de o empreendedor decidir quais mercados sua empresa irá atender

 

Estimativas da StartSe, uma plataforma de incentivo a startups, indicam que o setor agrícola já é o segundo segmento mais buscado pelos empreendedores na hora de decidir quais mercados a sua startup vai atender. A primeira posição é ocupada pelas startups de serviços financeiros, as chamadas fintechs.

“A escolha está muito relacionada a dois fatores: dinheiro disponível no setor e quantidade de problemas de produtividade a serem resolvidos”, explica Pedro Englert, presidente da StartSe. “Os empreendedores têm a solução, mas não têm dinheiro para colocá-la em prática e os produtores têm verba, mas não sabem como lidar com o problema.”

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A parceria entre os donos de startups e fazendeiros ainda está em fase inicial. “Nós queremos agilizar uma conexão porque entendemos que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde no mercado”, diz Englert, durante evento produzido ontem pela StartSe, onde profissionais do setor discutiram o futuro das agrotechs e como elas podem ajudar a solucionar problemas históricos dentro e fora da fazenda.

Na plateia, produtores, representantes da indústria, empreendedores de startups focadas no agronegócio e investidores acompanhavam palestras sobre novas tecnologias e suas aplicações. Como funciona inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), blockchain e carros autônomos estavam entre os temas mais debatidos.

“As tecnologias são transversais e estão transformando todos os setores”, alertou Cristiano Kruel, diretor de inovação da StartSe, à plateia. “Quem decidir ficar só olhando para a sua especialidade, sem notar o que acontece em outros mercados, não vai conseguir sair do lugar”.

No caso da Agronow, Rafael Coelho, um dos fundadores da startup, disse que decidiu misturar tecnologias já usadas pelo mercado com novas tendências. “Em nosso produto usamos imagens de satélites. Essas informações são analisadas por nossos algoritmos, que detêm inteligência artificial. É com essas tecnologias que conseguimos ser mais rápidos e precisos do que as empresas tradicionais”, diz o empreendedor.

Hub do agronegócio

A CBC Agronegócio adaptou uma plataforma comum em outros setores para o mercado agrícola. A agrotech criou um marketplace, um site em que compradores e produtores podem fazer negociações. O projeto, que já conta com 18 mil inscritos, tem planos ambiciosos.

“Queremos ser um hub do agronegócio”, diz Júnior Rodrigues, consultor de negócios da startup. “Estamos em fase de aparecer para o mercado e ganhar valor”, completa (O Estado de S.Paulo, 6/6/18)