16/09/2019

Ataque de drones afeta produção de petróleo da Arábia Saudita

Ataque de drones afeta produção de petróleo da Arábia Saudita

Legenda: Incêndio na sede da Aramco, em Buqayq, na Arábia Saudita, em 14 de setembro de 2019

 

EUA culpam Irã pela agressão, reivindicada pelos rebeldes houthi do Iêmen.

Um ataque com drones de  rebeldes houthis, do Iêmen,  provocou incêndios em duas instalações petrolíferas da Arábia Saudita, neste sábado (14), levando a um corte de mais de metade da produção de petróleo do país. A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo, e a redução do fornecimento deve causar grande aumento nos preços da commodity.

 
A petrolífera estatal Saudi Aramco, dona das instalações, afirmou que os ataques levarão a um queda de 5,7 milhões de barris diários na produção do país, o que representa mais de 5% do fornecimento mundial de petróleo. Para alguns analistas, a redução deve durar poucos dias e poderá ser compensada pelos estoques acumulados pelos sauditas. Mesmo assim,  a magnitude do corte no fornecimento podem desencadear alta de preços na segunda-feira (15).

Os rebeldes houthis reivindicaram a autoria dos ataques, mas o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, culpou exclusivamente o Irã. "Teerã fez um ataque sem precedentes contra o fornecimento mundial de energia", afirmou. 

“Não existem provas de que os ataques vieram do Iêmen. Nós exortamos todas as nações a condenarem publicamente os ataques do Irã; os EUA vão trabalhar com seus aliados e parceiros para garantir que os mercados de energia continuem com fornecimento normal e que o Irã seja responsabilizado por sua agressão."

O governo americano questiona a versão de que os dez drones tenham sido lançados do Iêmen, porque os alvos sauditas estavam a mais de 500 quilômetros do território iemenita.

A Arábia Saudita comanda uma coalizão militar sunita para intervir no Iêmen, contra os rebeldes houthis, desde 2015. Os sauditas culpam os xiitas iranianos por ataques anteriores e acusam o Irã e armar os rebeldes iemenitas. Teerã nega a participação. O confito do Iêmen já levou a mais de 7 mil mortes, muitas causadas por ataques aéreos sauditas, usando armas americanas. 

"Esses ataques contra a infraestrutura colocam civis em risco e são inaceitáveis. Cedo ou tarde irão resultar na morte de inocentes", afirmou John Abizaid, embaixador dos Estados Unidos na Arábia Saudita, via sua conta no Twitter. 

O ministério do Interior da Arábia Saudita informou que "às [22h de sexta, no horário de Brasília] as equipes de segurança da Aramco foram acionadas para intervir em incêndios em duas instalações em Abqaiq e Khurais", acrescentando que já estavam sob controle. 


Khurais possui um dos principais campos petrolíferos da estatal, enquanto Abqaiq é a principal sede da gigante do petróleo e tem sua maior refinaria, de acordo com o site da companhia. 

As tensões na região vêm se acirrando nos últimos meses, depois que os Estados Unidos deixaram o acordo nuclear com o Irã e impuseram mais sanções econômicas ao país. 

Os houthis também atacaram o campo de petróleo Shaybah, em agosto, e outras duas instalações, em maio. 

A coalizão saudita é apoiada pelo Ocidente e interveio no Iêmen pela primeira vez em 2014, em uma tentativa de restaurar o governo iemenita, internacionalmente reconhecido e deposto pelos houthis. 

O conflito no Iêmen é reconhecido como uma proto-guerra entre Irã e Arábia Saudita. Os houthis afirmam que estão combatendo um sistema corrupto.

O presidente Donald Trump conversou por telefone com o líder saudita, o príncipe regente Mohammed bin Salman, e afirmou estar pronto para ajudar o reino a garantir sua segurança. 

O príncipe bin Salman disse que Riad tem a capacidade e determinação para reagir a "este ataque terrorista".

Na manhã deste sábado (14), a coalizão saudita realizou dois ataques aéreos à província de Saada, território houthi ao norte do Iêmen, de acordo com uma testemunha. A Al Masira, TV dos houthis, noticiou que os ataques tinham como alvo um acampamento militar ao norte da cidade. Horas após o ataque, fogo e fumaça ainda podiam ser vistos. 

"Um ataque bem-sucedido contra Abqaiq equivale ao mercado global de petróleo e a economia mundial sofrerem um enfarte fulminante", disse Bob McNally, que dirige o Rapidan Energy Group e era parte do Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante a Guerra do Iraque, em 2003 (Reuters, 15/9/19)