29/11/2024

Bank of America projeta preço do gado alto por mais tempo Pasquale Augusto

Bank of America projeta preço do gado alto por mais tempo    Pasquale Augusto

GADO NO CAMPO Foto Reprodução - iStock com – RollingEarth

 

Por  Pasquale Augusto

 

Bank of America espera que o mercado global de gado fique mais restrito no Brasil e nos Estados Unidos até 2025. Para o banco, o ciclo de baixa norte-americano pode durar até 2027, enquanto o abate no Brasil pode cair 6% em 2025.

 

A demanda por carne bovina continua forte e os preços seguem subindo, ainda que não em ritmo suficiente para compensar os custos do gado.

 

“Esperamos que o mercado global de gado seja menor em 2025 do que em 2024, com o declínio do abate no Brasil e nos EUA, que representam 30% do mercado.

 

A oferta mais limitada de gado deve reduzir o abate nos EUA em aproximadamente 4% ano a ano, de acordo com o USDA, e aproximadamente 6% no Brasil, de acordo com a consultoria Safras & Mercado”, explicam Isabella Simonato e Julia Zaniolo.

 

Com isso, a instituição mantém sua recomendação de compra para  JBS (JBSS3) (top pick) e Marfrig (MRFG3), mas reforça venda para  Minerva Foods (BEEF3) entre os frigoríficos, pelo cenário mais desafiador para a carne bovina no Brasil e risco de execução na aceleração dos ativos adquiridos.

 

O banco mantém sua classificação para JBS (preço-alvo de R$ 50, potencial de 42% de alta) dada a diversificação da empresa, já que as margens sólidas do frango têm compensado a fraqueza da carne bovina. Para Marfrig (preço-alvo de R$ 21, potencial de 12% de alta), a recomendação se dá pela desalavancagem e exposição ao frango via BRF.

 

Ciclo de baixa do gado nos EUA deve ser longo

 

O professor Darrell Peel, do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Estadual de Oklahoma, em conversa com o BofA, reforçou o ciclo de baixa do gado nos EUA, durando eventualmente até 2027.

 

Os EUA apresentam os menores patamares de estoque de gado em décadas. O abate de vacas diminuiu, mas o abate de novilhas continua alto.

 

“Ele acredita que a retenção pode começar em 2025, mas deve ser um processo lento. Até agora, a produção de carne bovina não caiu desde que o peso da carcaça aumentou, pois os confinamentos estão mantendo seu estoque de gado, mas deve eventualmente começar a cair”, apontam Isabella Simonato e Julia Zaniolo

 

A produção de carne bovina deve cair em 2025. Neste cenário, ele espera que os preços no atacado e no varejo provavelmente continuem a avançar, embora a uma taxa um pouco mais lenta.

 

Preços do gado sobem com forte demanda

 

Os preços do gado no Brasil subiram quase 50% desde agosto para R$ 347/15 kg (48% em dólar), dada a oferta mais limitada, já que as pastagens foram afetadas pela seca, e também a forte demanda dos frigoríficos à medida que as exportações continuam a acelerar.

 

O abate de fêmeas está crescendo 16% no acumulado do ano até outubro, contra avanço de 9,5% no abate total, enquanto os volumes exportados aumentaram 32% anualmente.

 

Nesse cenário, os preços do gado mais jovem começaram a subir, e essa tendência provavelmente continuará em 2025, com picos de preços vistos em 2026.

 

Exportações não sustentam margens para frigoríficos

 

A demanda por carne bovina continua forte, com dados preliminares para volumes exportados brasileiros em novembro subindo 37% ano a ano, e preços em US$ 4,83/kg, uma variação mensal de 4% e de 7% no acumulado do ano

 

As vendas para a China e os EUA, que agora representam 60% das exportações brasileiras, aumentaram 12% e 110% em relação a 2023 até outubro, respectivamente.

 

“O Brasil continua bem posicionado no mercado global, dado o real mais fraco e as restrições de oferta em outros produtores, principalmente os EUA. No mercado interno, os preços da carne bovina aumentaram 35%, já que a sazonalidade do quarto trimestre deve ser favorável. No entanto, os preços mais altos não foram suficientes para compensar os custos do gado, e as margens dos frigoríficos estão diminuindo. Estimamos que a margem de exportação caiu 13 pontos percentuais no quarto trimestre em relação ao período anterior, e a margem doméstica deve cair 4 pontos” (Money Times, 28/11/24)