Barreiras comerciais ameaçam revolução global da energia eólica
A crescente onda de protecionismo representa uma ameaça para a indústria internacional de turbinas eólicas e para suas cadeias de abastecimento internacionais, disseram executivos do setor nesta quinta-feira.
O setor de turbinas eólicas da Europa, liderado por empresas como Vestas Wind Systems, Senvion e Siemens Gamesa Renewable Energy, tem sido atingido por medidas protecionistas que ameaçam gerar uma guerra comercial entre EUA, China e Europa.
A decisão da União Europeia, em 2016, de impor tarifas antidumping de mais de 70 por cento ao aço chinês para proteger as produtoras europeias elevou o custo de fabricação no bloco, afirmaram as fabricantes de turbinas. Elas se somam ao aumento dos custos de fabricação nos países em desenvolvimento, onde os governos exigem cada vez mais que as turbinas contenham uma porcentagem elevada de materiais e componentes de origem local, afirmaram as fabricantes presentes na Hamburg Wind Energy Conference, na Alemanha.
“Tivemos que construir uma fábrica enorme na Turquia devido aos requisitos de conteúdo local”, disse Petra Hermann, chefe de controle de exportação e alfândega da Siemens Gamesa. “Isso não está reduzindo o custo da energia.”
A ausência de padronização internacional para as peças das turbinas eólicas também aumentou os custos, já que as empresas precisam apresentar solicitações de segurança dos produtos a diferentes órgãos reguladores nacionais, o que eleva as despesas jurídicas e com consultoria.
Raul Gill, diretor de operações da Prysmian Power Link, disse que sua empresa teve que abrir uma grande unidade de produção na China porque os órgãos reguladores do país exigem que os produtos tenham um elevado conteúdo fabricado localmente.
“Os cabos que fabricamos na China não são aceitáveis (para os órgãos reguladores) em Taiwan”, disse Gill, acrescentando que isso aumentou ainda mais os custos.
As fabricantes pediram que as autoridades da UE permitam que as produtoras de turbinas eólicas usem aço chinês de baixo custo e que pressionem pela liberalização do comércio no setor de energia renovável, o que possibilitaria que as fabricantes europeias conservem uma vantagem competitiva no campo da tecnologia de turbinas eólicas.
“Barreiras e guerras comerciais não beneficiam ninguém”, disse Álvaro Pajares, chefe de compras da espanhola Ingeteam (Bloomberg, 28/9/18)