Bayer pisa em um campo minado com a compra da Monsanto
Ao incorporar a Monsanto, na maior operação de M&A da sua história, a Bayer levou para dentro de casa uma crise institucional de razoáveis proporções no Brasil. Trata-se do contencioso entre a fabricante de sementes e defensivos norte-americana e grandes produtores rurais.
Segundo o RR apurou, agricultores do Sul do país e da região conhecida como Mapito (Maranhão, Piauí e Tocantins) estão se unindo à Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) na ação judicial contra a Monsanto. Este cinturão de ruralistas contesta a legitimidade da patente da soja Intacta e, consequentemente, a bilionária cobrança de royalties pelo uso de sua semente.
Para a Bayer, o que está em jogo é um negócio com receita estimada em mais de R$ 1,2 bilhão por safra – ou o equivalente a cerca de 7% do faturamento combinado da nova companhia no mercado brasileiro. A questão mobiliza não apenas a área jurídica da Bayer, mas também seu contingente de lobistas em Brasília.
Além dos tribunais, a erva daninha adquire contornos políticos e se espalha pelo Congresso. A bancada ruralista já identificou o contencioso como uma oportuna ocasião para comprar o barulho dos agricultores, se credenciar junto a sua base eleitoral e pressionar o grupo alemão, cobrando uma redução do valor cobrado pelos royalties da Intacta.
Trata-se de um terreno fértil para os parlamentares cultivarem o que de melhor produzem: a venda de dificuldades para a posterior oferta das suas soluções (Relatório Reservado, 20/8/18)