BB quer mais que o dobro de recursos para equalização do novo plano safra
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O Banco do Brasil espera receber mais da metade dos R$ 21,8 bilhões solicitados pelo setor agropecuário ao Ministério da Agricultura para subvenção das taxas de juros do próximo Plano Safra, 2022/23. Na safra atual, 2021/22, o BB ficou com cerca de metade dos R$ 13 bilhões liberados pelo Tesouro Nacional para equalização.
Com eles, desembolsou R$ 43,6 bilhões em financiamentos com taxas subvencionadas, de um total de R$ 89 bilhões anunciados pelo governo. Em entrevista ao Broadcast Agro, o vice-presidente de Agronegócios do banco, Renato Naegele, disse que "a expectativa é receber mais", tendo em vista o peso do BB nos desembolsos ao setor, especialmente para produtores pessoa física, o plano de reduzir spreads das cinco linhas com taxas subvencionadas, além do aumento da demanda por dinheiro decorrente da alta dos insumos e outros custos.
"Todas as instituições (financeiras) já apresentaram suas propostas, e a nossa é uma proposta que considera a demanda, portanto a necessidade de mais recursos, e um passo muito importante, de uma redução de spread, o famoso CAT (custos administrativos e tributários). No ano passado o BB reduziu o spread de três de um total de cinco linhas e agora estamos reduzindo em todas as cinco linhas", afirmou o executivo.
Levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que consta da proposta da entidade para o Plano Safra 2022/23 mostra que o BB reduziu os spreads em três linhas que têm como fonte os depósitos em poupança rural: Pronamp Custeio, de 6,10% para 6,00% ao ano; Pronamp Investimento, de 3,60% para 3,45%, e (agricultura) Empresarial, de 6,00% para 5,00% ao ano.
Cortar spreads das demais linhas será possível, segundo Naegele, porque desde meados de 2021 o banco adotou 15 medidas internas de simplificação e automação nos pedidos de empréstimos, que diminuíram a complexidade dos processos de linhas do Plano Safra regidas pelo Manual de Crédito Rural (MCR) do Banco Central, bem como reduziram o custo do banco. No período, foram incorporados assinatura digital de documentos, captura eletrônica de certidões, redução do número de critérios de aprovação de crédito de 47 para sete, entre outras ações.
O recuo da inadimplência no setor, de 1% em março de 2021 para 0,6% em março deste ano, também ajuda o BB a cobrar spreads mais baixos dos produtores. O índice do agro é inferior ao de outros segmentos atendidos pelo banco, como pessoas físicas em geral, cuja inadimplência subiu de 2,99% para 3,82% no mesmo período, e pessoas jurídicas, que caiu de 1,83% para 1,26% em um ano. "Eu consigo reduzir o spread em todas as linhas do Plano Safra em mais de um dígito", afirmou.
Outro argumento do executivo para que o banco receba a maior parcela dos recursos para equalização é sua capilaridade e estrutura para distribuir o dinheiro, especialmente para pequenos agricultores, foco do Ministério da Agricultura desde o Plano Safra passada. Da carteira de agro do BB, 89% são produtores pessoa física e destes, a maior parte de agricultores familiares. Além disso, de todo o crédito rural concedido a pessoas físicas no País, 59% é do banco.
O BB possui hoje a maior carteira de crédito concedido pelo Pronaf, programa focado na agricultura familiar. Até 31 de março, ela somava R$ 51,6 bilhões. De julho do ano passado a abril deste ano, o BB fechou 292.574 contratos de Pronaf com um tíquete médio de R$ 56,308 mil. Já a carteira de empréstimos por meio do Pronamp, programa centrado nos agricultores de médio porte, alcançava R$ 19,7 bilhões.
"É muito importante levar em consideração a capacidade de colocar esse recurso na conta do produtor a partir de primeiro de julho. Ter participação de 59% na concessão de crédito rural para produtores pessoa física é natural porque o Banco do Brasil é quem tem estrutura de mais de 3,9 mil agências especializadas fazendo agro, acima de 4,1 mil correspondentes bancários com negócios agro, em mais de 5,3 mil municípios. Esta estrutura está instalada, não há no mercado nenhuma outra instituição com essa capacidade operacional", afirma Naegele.
O número de operações contratadas somente no segundo semestre de 2021, o primeiro da safra 2021/22, mostra a distância do BB em relação aos demais concorrente. Segundo dados do Banco Central compartilhados pelo executivo, enquanto o BB fechou 368,3 mil contratos de crédito rural, o Sicredi travou 140 mil. Outros bancos fecharam número muito menor, abaixo de 20 mil contratos.
Para a safra 2022/23, 24 instituições financeiras se apresentaram para operar linhas do Plano Safra com taxas de juros equalizadas, conforme Naegele. Na atual temporada, que se encerra em junho, 12 instituições financeiras operaram estas linhas: pela primeira vez, Bradesco, Caixa, Banco CNH, Credicoamo e BDMG, além das que já tinham trabalhado com linhas subsidiadas em anos anteriores, como o próprio BB, BNDES, Sicredi, Sicoob, Banrisul, Cresol e BRDE.
Questionado sobre o pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ao governo federal para ampliar o porcentual de depósito à vista que obrigatoriamente vai para o crédito rural (de 25% para 30%), assim como o da poupança rural (de 59% para 64%) e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) (de 35% para 50%), Naegele afirmou, sem abrir números, que o BB já aplica "acima" das exigibilidades de depósitos, poupança rural e LCA.
"O agro brasileiro não é para amadores, alimenta 1 bilhão de pessoas no mundo, tem um PIB de R$ 2 trilhões. Então é necessário que todas as forças se somem para gerar um bom Plano Safra 2022/23." (Broadcast, 20/5/22)
Banco do Brasil desembolsou R$ 130,6 bi na safra 2021/22
O Banco do Brasil já desembolsou mais de R$ 130,6 bilhões em 560 mil operações de crédito rural no acumulado da safra 2021/22, de julho do ano passado a 13 de maio deste ano, volume 42% superior aos R$ 92,2 bilhões liberados no período correspondente da safra anterior, 2020/21.
O valor também supera em 13,5% o montante desembolsado em toda a temporada 2020/21, de R$ 115 bilhões. Em entrevista ao Broadcast Agro, o vice-presidente de Agronegócios do BB, Renato Naegele, creditou o avanço à combinação de aumento de área plantada, incremento dos custos de produção entre 25% e 35% e estratégias para ampliar a concessão de recursos e atrair novos clientes.
"Tivemos um aumento de 30 mil clientes, que já tinham limite com o banco mas estavam operando crédito rural com outras instituições financeiras ou não contratavam com ninguém. Havia reclamações de que o processo das cooperativas era mais rápido e conseguimos recuperar esses clientes ao simplificar a concessão de financiamentos com um pacote de 15 ações, incluindo redução do número de critérios para liberação de crédito de 47 para sete", afirmou Naegele.
Também foi adotada a assinatura eletrônica de documentos e captura eletrônica de certidões, que dispensa produtores de apresentarem a mesma certidão para vários financiamentos.
Aos 30 mil clientes ativos adicionais, o BB concedeu R$ 3,8 bilhões em quase 11 meses de safra, segundo o executivo. Uma nova "onda" de diagnóstico está em curso para simplificar mais a liberação de empréstimos por linhas do Plano Safra, que seguem regras do Manual de Crédito Rural (MCR) do Banco Central, consideradas complexas pelo mercado. O total de clientes do agronegócio do BB chega a 755 mil, segundo dados do banco.
O executivo atribui os resultados positivos, além disso, à estratégia adotada a partir do ano passado para o setor, com cinco eixos de atuação, incluindo crédito rural dentro da porteira (para produtores rurais) e fora da porteira (fornecedores de insumos, cooperativas, agroindústrias), digitalização e simplificação de processos, e 35 ações relacionadas aos eixos.
Naegele espera um aumento da procura por empréstimos até o fim de junho, quando termina a safra 2021/22, porque uma parte do dinheiro do Plano Safra atual estava "congelada", aguardando aprovação no Congresso do PLN (projeto de lei), que abriu ao Orçamento crédito suplementar de R$ 868,5 milhões para equalização de taxas do Plano Safra.
O texto foi sancionado no dia 12 de maio e o os bancos aguardam somente o ofício do Tesouro autorizando a retomada das contratações, de acordo com Naegele. No BB, R$ 2,9 bilhões que dependem do dinheiro estão comprometidos em pedidos "acolhidos" mas não oficializados e outros R$ 2,3 bilhões irão para linhas de pré-custeio do Pronamp, programa voltado a médios produtores.
De janeiro a 15 de maio, os desembolsos de crédito rural do BB atingiram R$ 41,5 bilhões, 9,2% a mais do que os R$ 38 bilhões aprovados em igual período do ano passado. Naegele espera fechar a temporada atual com desembolso acima dos R$ 142,5 bilhões anunciados em 2021 - R$ 135 bilhões em julho e R$ 7,5 bilhões em agosto.
A ideia é alcançar no mínimo R$ 145 bilhões. Se confirmado o valor, serão 26% a mais do que no ciclo 2020/21, quando foram liberados R$ 115 bilhões. Para a safra 2022/23, o plano do executivo é conceder ao menos 20% mais do que na temporada 2021/22, o que representaria mais de R$ 170 bilhões.
Na safra 2021/22, o BB também conseguiu aumentar a parcela do custeio agrícola contratada com algum tipo de mitigação de risco - seguro rural, proteção do programa Proagro ou por contratos de opções, que agora podem ser adquiridos pelo aplicativo do banco.
Até abril, do montante de crédito para custeio contratado na safra, que é de R$ 61,6 bilhões, 62,3% contavam com algum instrumento de proteção, acima dos 57% contabilizados em abril do ano passado e dos 47% na safra anterior.
"Temos conversado muito com presidentes de grandes cooperativas, como Coamo, Coopavel, Cotrijal, sobre orientar o produtor que o seguro é mais um insumo, não é uma escolha, e conscientizar o produtor a, de um lado, fazer seguro e, de outro, trava de preço, com opções", disse o executivo.
Bom para o banco A contínua expansão no agronegócio é "excelente" para trazer margens ao Banco do Brasil, já que os clientes do setor não demandam apenas linhas relacionadas à atividade agropecuária, mas também cartão de crédito, financiamentos residenciais e de veículos, investimentos e outros.
Olhando exclusivamente para o crédito, o crescimento da carteira de agronegócio do Banco do Brasil no primeiro trimestre, de 28,2%, para R$ 254,6 bilhões, foi o maior em comparação a outras carteiras do banco.
A de pessoa física, a maior do BB, com R$ 268,8 bilhões no fim de março, aumentou 14,9% em comparação a um ano antes; a de pequenas e médias empresas (MPME) avançou 14%, atingindo R$ 92,4 bilhões; e a de grandes empresas e governo chegou a R$ 228,6 bilhões, alta de 10,7% na mesma base de comparação. A carteira total somou R$ 883,5 bilhões em março, 16,4% acima da registrada em março de 2021.
"O banco bateu recorde de resultados justamente em um período em que o agro foi o principal destaque. O setor gera esse valor agregado por ser um cliente histórico e forte, que permite ter uma carteira sólida e crescente, mas também há muito para crescer na carteira de pessoa física e de MPME", afirmou.
Broto
Com mais de 600 mil usuários e R$ 1,5 bilhão em negócios, a plataforma Broto caminha para ganhar um CNPJ próprio, deixando de ser uma startup incubada pelo BB e BB Seguros, conta o vice-presidente de Agronegócios do BB. "No começo do ano foi escolhido um executivo para liderar o Broto, que está deixando de ser uma startup incubada para ser uma startup com CNPJ, uma empresa, com um modelo bem jovem, leve", contou Naegele (Broadcast, 20/5/22)