BBF inaugura unidade de óleo de palma para expandir térmicas na Amazônia
A Brasil BioFuels (BBF), empresa com mais dez anos de atuação no Norte do país, inaugura na quinta-feira uma usina para extração de óleo de palma em Roraima, como parte de um plano para expandir o uso de biodiesel como matéria-prima na geração de energia em térmicas.
O óleo produzido pela unidade, com capacidade de 72 toneladas por dia, em São João da Baliza, ao sul de Boa Vista, será utilizado para a produção de biodiesel em indústria da própria BBF, que por sua vez usará o produto como combustível para térmicas do grupo.
A empresa, que comercializou recentemente 73,6 MW em inédito leilão de energia para Roraima, sendo 17,6 MW de um projeto que inclui biocombustível para geração térmica, tem planos de investir 550 milhões de reais em duas termelétricas em Roraima, fortemente dependente dessa fonte após parar de receber energia de uma linha da Venezuela devido à crise no vizinho.
“Com o funcionamento da esmagadora, a BBF, que já produz biodiesel com o sebo bovino, passará a fabricar o biocombustível também por meio do óleo de palma, que poderá ser utilizado na geração de energia nas usinas termelétricas do próprio grupo”, disse o presidente-executivo da BBF, Milton Steagall.
CULTIVO PRÓPRIO
A usina esmagadora, que recebeu investimentos de 65 milhões de reais, vai operar com o fruto produzido no cultivo das fazendas da empresa, com 5 mil hectares de área plantada e que aumentarão a produção de biodiesel da BBF.
“Atualmente, a empresa substitui parte do diesel mineral utilizado em suas unidades por biodiesel e, dentro do planejado, aumenta a cada mês a participação do combustível renovável, em linha com sua missão de substituir o combustível fóssil na Amazônia”, destacou.
Em 2008, a empresa iniciou em Roraima o plantio da palma, uma das oleaginosas que oferecem maior produtividade, seguindo um decreto que define a implantação sustentável do cultivo em áreas desmatadas, com o objetivo de recuperá-las. Na mesma linha, a empresa diz que busca a sustentabilidade ambiental na geração de energia.
“A Amazônia está intoxicada pelo diesel utilizado durante anos para a geração de energia e transporte. Além da emissão de carbono provocada pela queima desse combustível fóssil, o custo é altíssimo: além do valor do litro, o transporte é dispendioso, pois o diesel precisa vir do Sudeste”, comentou o CEO da empresa.
A palma produz em média 5 toneladas de óleo por hectare ao ano, enquanto a soja, matéria-prima mais utilizada para produzir biodiesel no Brasil, possui média de 0,7 tonelada, segundo a companhia.
A empresa, que já tem uma unidade produtora de biodiesel em Ji-Paraná, em Rondônia, tem planos também de expandir a fabricação do biocombustível para Manaus, que deverá receber uma futura unidade, assim como implantar uma produtora de etanol de milho em São João da Baliza (RR), mesma localidade da usina de extração de óleo de palma e onde será instalada uma das termelétricas de Roraima no futuro, informou a BBF à Reuters.
Além de São João da Baliza, a companhia prevê instalar até meados de 2020 a outra termelétrica em Boa Vista e mais cinco pequenas térmicas ainda este ano no Amazonas, onde opera uma unidade desde maio. A companhia já conta com dez geradoras térmicas em Rondônia e quatro no Acre.
Segundo a companhia, a ideia é operar térmicas no Amazonas com 100% de biodiesel, em usinas que são flex e podem utilizar óleo diesel em caso de necessidade.
A empresa não deu um prazo para instalar a usina de etanol de milho, uma indústria crescente no Brasil, mas disse que a fábrica aproveitaria o vapor excedente da térmica de São João da Baliza. A planta terá capacidade de processar 750 toneladas/dia de milho, cultivado em Roraima.
“Temos intenção de estimular o plantio na região, e, em último caso, nós mesmos plantaremos, algo em torno de 30 mil hectares.”
Parte do etanol de milho será utilizado no processo de produção de biodiesel. Outra parte será vendida para postos de combustíveis da região, acrescentou a empresa (Reuters, 26/6/19)