Biodiesel: Com aumento na mistura ao diesel,volta a confiança em cronograma
O presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés, informou que, com a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de autorizar que o porcentual de biodiesel a ser misturado ao diesel de petróleo seja elevado de 10% para 12% a partir de setembro, "o governo recoloca o programa do biodiesel no caminho da previsibilidade. O setor volta a confiar, então, na normalização do cronograma de mistura e fica na expectativa de que nos leilões seguintes seja retomada o porcentual de 13%".
Em notícia no site da entidade, Diego Ferrés destacou que com o porcentual de 12% na mistura, o setor retoma o ritmo de produção e deve ter um acréscimo de 200 mil metros cúbicos de biodiesel para o bimestre setembro-outubro.
Segundo a Ubrabio, a resolução do conselho, ratificada pelo presidente Jair Bolsonaro e formalizada ontem (12), ainda não representa a retomada da programação de mistura prevista pelo próprio CNPE, que deveria estar em 13% desde março, mas minimiza os prejuízos do setor.
O CNPE já tinha reduzido o porcentual de mistura do biodiesel ao diesel fóssil para 10 % em maio, alegando risco de excessiva elevação de preços em razão da baixa oferta de soja, principal matéria prima do biocombustível. Em março o porcentual chegou a ser de 13%, como prevê o cronograma de mistura. Mas o conselho voltou a reduzir este índice para 10% para o período de maio a agosto atendendo pressão da área econômica, que temia a influência dos custos elevados do óleo de soja, o que encareceria o preço do diesel nos postos de abastecimento.
Segundo Diego Ferrés, o elevado preço da soja é benéfico para o agricultor, para a balança comercial e para a economia como um todo, o que deveria ser considerado nas decisões do governo. “A alegação de que o preço elevado da soja seja motivo para esta redução temporária na mistura do biodiesel deveria levar em consideração, além dos benefícios da balança comercial e da melhor remuneração aos agricultores, as incontestáveis vantagens e as externalidades positivas sociais, econômicas e ambientais que o biodiesel representa”. Ele acrescentou ainda que: “com a retomada da mistura, o governo aponta para a importância de valorização da qualidade do ar e da estabilidade do clima, além de valorizar a indústria nacional e a industrialização em todas as regiões, em especial do interior do país”.
A resolução do CNPE prevê que o porcentual de mistura do biodiesel ao diesel seja de 14% em março do próximo ano e de 15% em março de 2023. Com o retorno do porcentual de biodiesel para 12% serão produzidos 200 milhões de litros de biodiesel a mais no bimestre setembro-outubro como resultado do esmagamento de aproximadamente 620 mil toneladas de soja. Com isto, serão ofertadas 500 mil toneladas de farelo, volume que possibilitará a produção de cerca de 580 mil toneladas de carne de frango (Broadcast, 13/7/21)