Biosev prevê queda em safra de cana 2018/19 do Centro-Sul
A Biosev, braço sucroenergético da operadora de commodities Louis Dreyfus, projetou nesta terça-feira uma safra de cana menor no Centro-Sul do Brasil em 2018/19, com 586 milhões de toneladas, ante 599 milhões de toneladas em 2017/18.
As usinas em geral reduziram a renovação de canaviais e cortaram o trato cultural para diminuir custos, o que levou a companhia a estimar uma menor safra no próximo ano, disse o CEO da Biosev , Rui Chammas, a repórteres após apresentação a investidores em São Paulo.
“Também temos visto usinas paradas. Suspendemos a produção em uma planta, a Raízen desligou outras duas, a Renuka demitiu muitos funcionários e pode não operar na próxima safra”, disse Chammas.
Tais fechamentos de usinas devem reduzir a capacidade de moagem no Centro-Sul do Brasil.
Chammas acrescentou que a Biosev, segunda maior processadora de cana do mundo, atrás apenas da Raízen, optou por impulsionar o corte de custos mais cedo neste ano, preparando-se para um possível mercado com preços de açúcar mais baixos.
Mas as mudanças nas cotações do petróleo e uma nova política de formação de preços de combustíveis pela Petrobras, em linha com valores internacionais, melhoraram os prognósticos para vendas domésticas de etanol, o que pode acarretar em alta nos futuros do açúcar.
A Biosev espera que a alta no petróleo e na gasolina e a recuperação da economia brasileira impulsionem a demanda por álcool mais barato nos próximos meses. Ambos os combustíveis são concorrentes diretos no Brasil, já que boa parte da frota de veículos do país se move tanto a etanol quanto a gasolina.
A empresa também vê a aprovação do RenovaBio na Câmara dos Deputados como algo positivo.
Chammas disse que a companhia está ativamente acompanhando os futuros da gasolina nos Estados Unidos como um meio de ajustar sua estratégia para o etanol no Brasil. Ele avalia que no curto prazo poderá ser possível para as usinas realizar o hedge de vendas de etanol usando-se tais futuros, desde que fique claro que a Petrobras manterá sua política de preços.
O Centro-Sul do Brasil está terminando a colheita da safra deste ano, que deverá ser menor que a do ciclo anterior. Muitos analistas esperam uma redução também no próximo ano devido a condições climáticas desfavoráveis e canaviais envelhecidos (Reuters, 5/12/17)