Biosev reestrutura R$3,66 bi em dívidas e terá US$1 bi da Dreyfus
A Biosev, braço sucroenergético do grupo de commodities Louis Dreyfus, anunciou nesta quarta-feira um acordo preliminar com 11 instituições financeiras para extensão e renovação de 67 por cento de seu endividamento bancário, no valor 3,66 bilhões de reais, condicionado a um aumento de capital que prevê, entre outras coisas, recebimento de 1,05 bilhão de dólares do acionista controlador.
A empresa, segunda maior processadora de cana-de-açúcar do mundo, afirmou que seu Conselho de Administração recomendou aos acionistas aprovação de aumento de capital por subscrição privada de até 4,79 bilhões de reais.
Os acionistas da empresa, na qual a Dreyfus tem 72 por cento de participação, deverão acompanhar aumento de capital por intermédio do exercício do direito de preferência. Os minoritários também poderão participar do aumento de capital.
Dessa forma, a Conselho de Administração da companhia recomendou antecipação da contribuição de capital dos acionistas controladores no valor de 3,46 bilhões de reais (ou 1,05 bilhão de dólares) por meio de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital.
Do valor total do aumento de capital social, cerca de 800 milhões de dólares serão utilizados para reduzir passivo relacionado a pré-pagamentos comerciais e contratos de compra e venda para fins de exportação contratados com partes relacionadas.
O restante, cerca de 250 milhões de dólares, será utilizado para fortalecer o caixa da Biosev e para o curso normal das operações, segundo nota da empresa.
“O aumento de capital vai contribuir no nosso demonstrativo de resultado”, afirmou o presidente da Biosev, Rui Chammas, ao ser questionado pela Reuters se a operação ajudaria a reverter o mau desempenho financeiro da companhia.
Ele explicou que a renegociação com bancos permitirá a redução do custo da dívida e a exposição cambial da empresa.
Segundo Chammas, o aumento de capital e “a nova condição com os bancos” deixará a companhia mais resiliente a ciclos de preços de commodities.
“A gente reduziu o nosso custo como um todo, de forma a fazer aquilo que a gente faz de forma mais econômica”, afirmou ele, citando simplificação de operações, incluindo a redução das unidades que produzem o açúcar branco, um produto com menor demanda para exportação.
A empresa, que tem 11 unidades em operação, também anunciou no final do ano passado a suspensão das atividades em uma usina em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de otimizar as operações.
A Biosev surgiu em 2009 com a fusão dos ativos da Dreyfus e do grupo Santelisa Vale (Reuters, 28/3/18)