17/05/2023

BNDES tem lucro recorrente de R$1,7 bi no 1º tri, queda de 28% ano a ano

BNDES tem lucro recorrente de R$1,7 bi no 1º tri, queda de 28% ano a ano

Logo BNDES. Foto Sergio Moraes-Reuters

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido recorrente de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre deste ano, queda de 28,4% em comparação a igual período do ano passado, informou a instituição nesta terça-feira (16).

O lucro contábil, que inclui efeitos não recorrentes, foi de R$ 4 bilhões, ajudado em especial por recebimentos de dividendos da Petrobras.

A carteira expandida de crédito do banco ficou em R$ 479 bilhões no trimestre, alta de 8,2% ano a ano, enquanto os desembolsos totais somaram R$ 19,1 bilhões, crescimento de 29,1% na mesma comparação.

Alexandre Abreu, diretor financeiro e de crédito digital do BNDES, disse a jornalistas que a queda no lucro deve-se à menor receita com intermediação financeira, diante da devolução antecipada de R$ 45 bilhões ao Tesouro Nacional realizada pelo banco no final do ano passado, e a um efeito contábil causado pela queda do dólar frente ao real.

O índice de inadimplência do BNDES acima de 90 dias caiu a 0,06%, ante 0,13% no último trimestre de 2022 e de 0,21% no primeiro trimestre do ano passado.

O retorno sobre o patrimônio líquido recorrente (ROE) foi de 5,3% de janeiro ao fim de março, quedas de 2,7 pontos percentuais e de 5,3 pontos percentuais nas base anuais e trimestrais, respectivamente.

Abreu afirmou ainda que o recuo no lucro também foi impactado negativamente pela venda de participações em empresas no início de 2022, o que eleva a base de comparação. O banco se desfez, por exemplo, de ações da JBS por um R$ 1,9 bilhão em fevereiro do ano passado.

Desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a gestão do BNDES vem mostrando menor intenção de reduzir sua carteira de participação em empresas com ações listadas em bolsa, o que era um dos focos do comando anterior. As principais participações do banco atualmente são em Petrobras, JBS, Eletrobras e Copel.

COPEL

Questionado sobre a privatização da elétrica paranaense, esperada para este ano, o diretor de planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, disse que a instituição não tem neste momento uma posição formada sobre o assunto.

"A decisão sobre privatização ou não cabe ao controlador e se o controlador assim decidir, nós vamos avaliar. Neste momento não temos posição formada", afirmou.

A empresa, controlada pelo Estado do Paraná e na qual o BNDES tem cerca de 24% do capital, prevê uma oferta de ações visando sua privatização para outubro.

O novo comando do BNDES, presidido por Aloizio Mercadante, vem reforçando a intenção de elevar os desembolsos do banco de fomento para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2026, contra patamar anterior de 1%, enquanto tenta afastar temores de que esse movimento possa diminuir a força da atuação da política monetária executada pelo Banco Central (BC).

BNDES diz que Fazenda concordou com dividendo de 25% a ser pago em 2023

 

O BNDES acordou com o Ministério da Fazenda o repasse neste ano de 25% do lucro obtido no ano passado, disse o diretor de planejamento do banco, Nelson Barbosa.

Com isso, o BNDES deve pagar cerca de R$ 10 bilhões ao governo em 2023, em vez dos R$ 24 bilhões previstos anteriormente, disse Barbosa a jornalistas em São Paulo, acrescentando que o banco discute com o ministério a vinculação do percentual de 25% para além deste ano.

Barbosa ainda afirmou, em apresentação do resultado do primeiro trimestre do banco de fomento, que o BNDES negocia com a Fazenda o alongamento de pré-pagamento ao Tesouro Nacional de R$ 23 bilhões no final do ano referentes a empréstimos feitos no passado para capitalizar a instituição.

Segundo os diretores do BNDES, a crise da Americanas, varejista que entrou em recuperação judicial no início deste ano após rombo contábil, elevou a demanda por crédito, o que seria um fator a favor da renegociação.

Barbosa afirmou, porém, que o assunto depende de análise do Tribunal de Contas da União (Reuterw, 16/5/23)