Boi: Açúcar: Análise Agromensal Conjuntural Abril/22 Cepea/Esalq/USP
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Apesar de registrarem oscilações diárias, os preços do boi gordo ainda se mantiveram em patamares elevados ao longo dos primeiros meses deste ano. O suporte vem da forte demanda externa e da oferta enxuta de animais para abate.
Ainda assim, a média da arroba do boi gordo no mercado paulista (Indicador CEPEA/B3) em abril foi de em R$ 335,06, sendo 2,8% abaixo da de março/22, quando, ressalta-se, atingiu recorde nominal da série histórica do Cepea, ao fechar a R$ 344,71.
Já a demanda nacional por carne bovina segue enfraquecida. Esse cenário se deve, além do elevado patamar de negociação da proteína – que faz com que muitos agentes busquem carnes substitutas, como frango e suínos –, ao baixo poder de compra do consumidor, sobretudo devido à inflação. Por outro lado, a baixa oferta de animais para abate acaba mantendo praticamente estáveis os valores da carne negociada no atacado da Grande São Paulo.
Assim, o valor médio da carcaça casada bovina em abril foi de R$ 21,48/kg (ou de R$ 322,20/arroba), 1% inferior ao de março deste ano. Com a média mensal da arroba registrando queda mais intensa que a da carne de março para abril, o Cepea registrou aproximação entre os valores destes produtos.
Em abril, a diferença entre o boi para abate e a proteína foi de 12,86 Reais/arroba (com vantagem para o animal), contra 19,06 Reais/arroba em março e 12,39/Reais/arroba em abril de 2021. Trata-se, também, da menor diferença desde novembro do ano passado. Para esse resultado, foram consideradas as médias mensais deflacionadas pelo IGPDI março/22.
Em novembro de 2021, a diferença foi de apenas 7,15 Reais/@, com a carcaça casada cotada a R$ 312,30/@ no atacado da Grande São Paulo e o boi gordo, a R$ 319,44/@ no mercado paulista, em termos reais. Vale lembrar que, em novembro do ano passado, a média mensal da arroba registrava menor patamar, devido à suspensão dos envios de carne bovina à China, maior destino da proteína brasileira.
REPOSIÇÃO
Os preços dos animais de reposição (bezerro de 8 a 12 meses e boi magro) estão em movimento queda desde o início de 2022. Esse fator pode motivar pecuaristas a mandarem mais animais aos confinamentos ao longo deste ano. A pressão sobre os valores da reposição, por sua vez, vem da recomposição cada vez maior da oferta de animais jovens, dos elevados custos aos pecuaristas criadores e da chegada da entressafra, quando as condições dos pastos pioram para a recria.
Aqui ressalta-se que o animal de reposição é o item de maior custo dentro do confinamento. Segundo cálculos do Cepea, no Brasil, o animal de reposição pode representar de 63 a 73% do Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade.
O segundo item de maior custo é a alimentação, do qual o grão chega a corresponder por 25 a 35% do gasto, de acordo com pesquisas do Cepea. Neste caso, apesar do recente enfraquecimento, os preços do milho seguem em elevados patamares, próximos de R$ 90/saca de 60 kg em regiões paulistas.
De acordo com levantamento do Cepea, o boi magro foi negociado no mercado paulista em torno de R$ 4 mil/cabeça em abril, valor 5% inferior ao do mês anterior e 9,07% abaixo do de abril de 2021, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI março/2022). Agora, pecuaristas confinadores devem ficar atentos à sazonalidade de preços do boi magro.
Análises do Cepea mostram que, tradicionalmente, os valores do boi magro ficam em patamares menores de setembro a fevereiro de cada ano, período em que os animais já foram confinados ou, como no caso de início de ano, a decisão de se confinar ainda não foi tomada. Já em março, os preços geralmente passam a subir, ganhando força em abril e maio.
Nesse sentido, a atual continuidade do movimento de queda dos preços do animal em abril pode ser considerada atípica. Agora, caso a demanda por novos lotes de boi magro se aqueça nas próximas semanas – ficando acima da oferta (que, vale lembrar, registra recuperação) –, os valores do animal podem passar a registrar pequenos avanços.
Essa procura por lotes de reposição, por sua vez, também vai depender da movimentação dos preços dos insumos da alimentação nos próximos meses (Assessoria de Comunicação, 5/5/22)