Boi: Análise Conjuntural Agromensal Abril/2023 Cepea/Esalq/USP
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O volume de carne bovina exportado pelo Brasil em abril foi o menor desde novembro de 2021, quando, vale lembrar, os envios da proteína à China, o principal destino da carne nacional, estavam suspensos. Conforme dados da Secex, foram embarcadas – a todos os destinos – apenas 110,34 mil toneladas da proteína in natura no mês passado, volume 11,32% menor que o de março/23 e expressivos 30% abaixo do de abril do ano passado.
Trata-se, também, do menor volume escoado pelo Brasil em um mês de abril desde 2019, ano em que a demanda chinesa pela carne brasileira começava a crescer com força (em abril de 2019, foram exportadas 109,8 mil toneladas). De janeiro a abril, foram embarcadas 521,42 mil toneladas de carne in natura, 17% menos que no mesmo período de 2022, mas ainda 11,24% superior ao volume dos quatro primeiros meses de 2021, ainda de acordo com dados da Secex.
Ou seja, apesar do recuo em abril, 2023 ainda se destaca como o segundo melhor quadrimestre da história. O baixo volume escoado em abril, por sua vez, esteve atrelado à suspensão dos envios à China, que persistiu por um mês (entre meados de fevereiro/23 e março/23).
Recentemente, agências de notícias indicaram que a China anunciou a liberação das importações dos estoques de carne bovina brasileira produzidos antes de 21 de fevereiro, mas o país asiático não autorizou o recebimento das cargas embarcadas após o dia 23 de fevereiro. Isso significa que muitos frigoríficos ainda podem deter volumes de carnes em estoque.
Esse contexto fez com que compradores limitassem as aquisições de novos lotes para abate e, consequentemente, gerassem pressão sobre os preços de negociação da arroba. Outro fator que reforçou a desvalorização do animal foi o crescimento da oferta de boi pronto para abate, sobretudo nesta época em que as pastagens começam a se deteriorar por conta do clima.
E, de fato, em abril, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (São Paulo) caiu significativos 8,3%, encerrando o mês a R$ 271,40. A média mensal, de R$ 285,81, apesar de ter ficado 1,4% acima da de março/23, na comparação anual (em relação à de abril/22), caiu 13,33%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).
CONFINAMENTO
As quedas nos preços do milho e do boi magro nos primeiros meses de 2023 geraram certa perspectiva positiva para pecuaristas que realizam a terminação do animal para abate em confinamento. Por outro lado, os valores do boi gordo em queda trouxeram certa apreensão entre pecuaristas terminadores.
Segundo a Equipe de Grãos do Cepea, os principais fundamentos para as quedas nos preços do milho são a elevada produção da safra verão, o clima favorável ao desenvolvimento da segunda temporada e, principalmente, a redução da demanda interna – compradores e exportadores estão limitando as aquisições de novos lotes.
Conforme cálculos do Cepea realizados em parceria com a CNA, a alimentação (grãos, sobretudo) pode corresponder de 25% a 35% do custo operacional efetivo da atividade pecuária, dependendo da região. Quanto ao boi magro, o movimento de baixa nos preços vem sendo influenciado pela maior disponibilidade de animais e também por incertezas relacionadas ao mercado de boi gordo, o que fez com que muitos pecuaristas limitassem a demanda por novos lotes de reposição.
E o item de maior custo do confinamento é o animal de reposição. De acordo com o Cepea/CNA, a reposição pode representar entre 63% e 73% do custo operacional efetivo da atividade, dependendo da região. De um modo geral, o ano se mostra desafiador em termos de preços recebidos pela arroba do boi gordo, principalmente para o primeiro giro do confinamento, entre maio e agosto.
Além disso, incertezas econômicas e sanitárias também geram apreensão entre agentes de mercado, reforçando os desafios. Assim, uma boa rentabilidade da atividade pecuária passará por adequados controle de gastos e gestão de preços. Simulações realizadas pelo Cepea levando-se em conta os preços do boi magro em abril na região de Presidente Prudente (SP), uma diária alimentar de R$ 15,75/animal, o milho no patamar de R$ 76/sc de 60 kg em Campinas (SP) e o boi gordo futuro em julho/23 a R$ 268,20/@ sinalizavam possível rentabilidade de 10,73% para o período de 95 dias (Assessoria de Comunicação, 4/5/23)