Boi: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Julho/2020
REVISTA GLOBO RURAL
As exportações brasileiras aquecidas, favorecidas pela intensa demanda chinesa, e a oferta restrita de animais no pasto, evidenciada pelo menor número de boi gordo abatido no início deste ano desde 2011, mantiveram em alta os preços da arroba no mercado nacional ao longo de julho.
BOI
No mês, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista, à vista) teve média de R$ 221,36, com altas de 5,5% frente à de junho e de expressivos 34% em relação à de julho de 2019, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Para um mês de julho, a média foi recorde real da série histórica do Cepea, iniciada em 1994. Considerando-se a série completa, a média de julho foi a segunda maior mensal da série, um pouco atrás somente da verificada em dezembro de 2019, de R$ 221,57 (deflacionada). Além da baixa oferta e da demanda internacional aquecida, o avanço verificado em julho deste ano foi intensificado pelos altos custos de produção.
Os animais de reposição (bezerro e boi magro) são negociados em patamares recordes reais e os custos com a alimentação estão elevados. O dólar bastante valorizado frente ao Real também encarece importantes insumos que são importados. Esse cenário tem feito com que muitos pecuaristas diminuam o volume de novos lotes de animais a serem enviados ao confinamento e/ou semi-confinamento, o que pode reforçar a restrição de oferta de boi gordo para o abate.
CARNE
Em julho, a média da carcaça casada do boi negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo foi de R$ 14,49/kg (à vista), ou de R$ 217,35/@, com avanços de 3% na comparação mensal e de 27,5% na anual. Diante disso, a vantagem da arroba bovina sobre a carne se ampliou para 4,01 Reais/@, a maior diferença desde agosto de 2016, quando estava em 11,7 Reais/@. Ressalta-se que esse cenário limita as margens de frigoríficos que trabalham apenas com o mercado doméstico.
REPOSIÇÃO
No Estado de São Paulo, o bezerro tem sido negociado acima de R$ 2 mil por cabeça desde meados de junho e o boi magro, de R$ 3 mil por cabeça, ambos recordes reais da série histórica do Cepea (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Esse cenário pode ser resultado do maior abate de fêmeas nos últimos anos. Considerando-se médias mensais deflacionadas, enquanto a arroba do boi gordo no estado de São Paulo registra ligeira desvalorização de 0,1% na parcial deste ano (de dezembro/19 a julho/20), os valores do bezerro subiram 26,8% e os do boi magro, 14,6%. Nesse cenário, o pecuarista terminador precisa de mais arrobas de boi gordo para a compra de animais de reposição.
EXPORTAÇÕES
Os embarques brasileiros de carne bovina in natura atingiram recorde para um mês de julho. De acordo com dados da Secex, foram exportadas quase 170 mil toneladas, avanços de 11% sobre a quantidade de junho e de 31,1% em relação à de julho de 2019. O volume elevado somado ao dólar valorizado resultaram em receita em moeda nacional de R$ 3,65 bilhões em julho, altas de 7% na comparação mensal e de 87% na anual, ainda segundo a Secex (Assessoria de Comunicação, 5/8/20)