Boi: Análise Conjuntural Agromensal Dezembro/23 do Cepea/Esalq/USP
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Os preços do boi gordo vêm oscilando ao longo de 2023, mas ainda operam em patamares abaixo dos verificados no ano anterior. Analisando-se a série mensal de 2023, todas as médias estão inferiores às verificadas nos respectivos meses de 2022, sendo a queda mais intensa, de 26%, a registrada em setembro (contra setembro/22), em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI). Esse cenário se deve sobretudo à maior oferta de animais para abate e ao crescimento na produção de carne neste ano.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção de carne em 2023 (de janeiro a setembro), inclusive, atingiu recorde. Foram produzidas 6,39 milhões de toneladas na parcial deste ano, 8,37% a mais que no mesmo período de 2022 e 4,5% acima do recorde anterior, registrado em 2019. Os dados do IBGE evidenciam uma virada de ciclo produtivo em 2023, com mais animais prontos para o abate.
No acumulado de 2023 (até setembro), o volume de bovinos abatidos avançou 10,24% frente ao mesmo frente ao mesmo período do ano passado, somando 24,42 milhões de cabeças, ainda conforme dados do Instituto. A produtividade média (carne produzida por animal) de 2023 está em 262 quilogramas, apenas 1,71% abaixo da do ano passado, que, vale lembrar, foi recorde, segundo dados do IBGE.
Os menores patamares da arroba bovina em 2023 tendem a desestimular novos investimentos por parte de pecuaristas, além de resultar em abate de animais mais leves, como vacas adultas, contexto que traz reflexos para o ciclo produtivo dos próximos anos. Em novembro, contudo, a oferta de animais prontos para abate diminuiu, devido ao menor número de animais confinados entre novembro e dezembro.
Do lado da demanda, as festas de final de ano tendem a elevar o consumo de carne. Além disso, os embarques em ritmo intenso também podem reforçar possíveis altas nos preços.
CHINA
Destino de mais de 50% de toda a carne bovina exportada pelo Brasil neste ano (até outubro), a China se sustenta como protagonista do setor pecuário de corte nacional, trazendo impactos sobre os preços de comercialização do animal para abate. De janeiro a outubro de 2023, o volume de carne bovina exportado ao país asiático recuou 7,42% frente ao mesmo período do ano passado – vale lembrar que os envios à China estiveram suspensos entre fevereiro e março –, mas ainda supera em 35,26% a quantidade escoada nos 10 primeiros meses de 2021, de acordo com dados da Secex.
Em 2023 (até outubro), foram 969,06 milhões de toneladas embarcadas à China, representando 52,55% do volume escoado a todos os destinos nesse período, que foi de 1,844 milhão. A forte demanda chinesa ao longo dos últimos anos continua sendo positiva para a cadeia pecuária brasileira. Além de estimular a implementação de tecnologias no campo, a procura aquecida da China ajuda a sustentar os valores de negociação do boi gordo, já que a demanda doméstica segue em ritmo lento (Assessoria de Comunicação, 7/12/23)