10/08/2021

Boi: Análise Conjuntural Agromensal Julho Cepea/Esalq/USP

Boi: Análise Conjuntural Agromensal Julho Cepea/Esalq/USP

Há quase um ano, os preços da arroba bovina negociada no mercado paulista (Indicador CEPEA/B3, à vista) operam acima dos observados para a carcaça casada comercializada no atacado da Grande São Paulo (também à vista). E, em julho, a diferença média entre os valores da arroba desses produtos atingiu 15,33 Reais, a maior vantagem do boi sobre a carcaça casada desde agosto de 2016, quando foi de 15,97 Reais. Vale lembrar que os preços da arroba do boi em 2016 estavam em patamares elevados, ainda devido à restrição de oferta iniciada em 2015, ao passo que os valores da carne caíram em boa parte de 2016 – justamente até agosto daquele ano –, tendo em vista as crises econômica e política e o alto desemprego no País.

 Como comparação, a diferença entre os valores do animal e da carne em junho/21 era de 10,69 Reais/@, e em julho do ano passado, de apenas 5,27 Reais/@, também com vantagem do boi sobre a carne. Para esses cálculos, foram consideradas as médias mensais deflacionadas pelo IGP-DI. Esse cenário evidencia que as valorizações observadas para a arroba bovina vêm superando as registradas para a carne.

 No acumulado da parcial deste ano (de dezembro/20 a julho/21), enquanto o Indicador do boi gordo apresenta forte elevação de 4,78%, atingindo R$ 318,62 na média de julho, a carcaça casada se valorizou bem menos, apenas 0,71%, com a média mensal a R$ 20,22. De junho para julho, especificamente, enquanto a média do boi gordo registrou avanço de 0,43%, a da carne apresentou recuo, de 1,08%. No geral, os preços da arroba do boi gordo seguem firmes, sustentados pela baixa oferta de animais para abate – reforçada agora pela entressafra – e pelas exportações aquecidas, especialmente à China.

 Ressalta-se que pecuaristas também vêm tentando repassar nos preços de venda do animal os elevados custos de produção, especialmente os relacionados aos animais de reposição e à alimentação, que representam a maior parte dos gastos da atividade. Já no caso da carne negociada no atacado, o repasse das altas do boi gordo para a proteína acaba sendo limitado pela ainda fraca demanda doméstica.

 Além do elevado patamar de comercialização da carne, o atual cenário econômico tem mantido fragilizado o poder de compra da maior parte da população brasileira, que, por sua vez, acaba consumindo proteínas mais baratas, como ovos e as carnes suína e de frango, principalmente. Assim, enquanto frigoríficos exportadores ainda conseguem resultados melhores com as vendas externas da proteína bovina – que, vale lembrar, está sendo negociada a valores elevados e em dólar –, as unidades de abate que trabalham apenas com o mercado doméstico estão com as margens bastante apertadas.

 EXPORTAÇÕES

Em julho, foram exportadas 166,23 mil toneladas de carne bovina in natura, 18,5% a mais que em junho/21, mas 1,74% inferior à de julho do ano passado, segundo dados da Secex (Assessoria de Comunicação, 5/8/21)