13/06/2023

Bolsa tem 7ª alta seguida e dólar volta a registrar menor patamar do ano

Bolsa tem 7ª alta seguida e dólar volta a registrar menor patamar do ano

Cédulas de dólar - Marcello Casal Jr.-ABr

 

Moeda americana fechou o dia abaixo de R$ 4,90.

A Bolsa brasileira registrou o sétimo pregão seguido de alta nesta segunda-feira (12), subindo 0,27% apoiada pela Petrobras e pelo Banco do Brasil, que ficaram entre as ações mais negociadas da sessão. Fortes ganhos da Braskem também auxiliaram o Ibovespa, após a petroquímica ter recebido uma oferta de aquisição da Unipar Carbocloro.

Com isso, o Ibovespa fechou a 117.336 pontos, renovando novamente seu maior patamar do ano.

Já o dólar voltou a cair e fechou o dia no menor valor de 2023, a R$ 4,867, com investidores aguardando a próxima decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre os juros nos Estados Unidos.

No Brasil, o real também foi favorecido frente ao dólar pela melhora das perspectivas sobre a economia brasileira, em especial após dados fortes sobre o PIB (Produto Interno Bruto) do país no primeiro trimestre.

As projeções foram reforçadas nesta segunda, com o boletim Focus, do Banco Central (BC), mostrando que o mercado diminuiu sua projeção de inflação em 2023 para 5,42%, ante 5,69% registrados na semana anterior.

Na semana passada, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA, índice oficial de inflação do Brasil, desacelerou a 0,23% em maio, surpreendo positivamente o mercado. Em 12 meses, o índice acumula alta de 3,94%, patamar mais baixo desde outubro de 2022.

Nas previsões para os juros, analistas ainda esperam que o primeiro corte da Selic neste ano deve ocorrer em setembro e veem a taxa em 12,50% no fim de 2023. Apostas em uma redução em agosto, porém, têm ganhado força, especialmente após a divulgação do IPCA de maio.

Nesta segunda, o presidente do Banco CentralRoberto Campos Neto, afirmou que a curva futura de juros tem tido uma queda relevante no Brasil, o que abre espaço para um corte futuro na Selic. Ele não especificou, porém, quando essa redução poderia ser iniciada, e disse que a autoridade monetária não pode abaixar os juros de forma artificial.

Após a fala de Campos Neto, as taxas futuras de juros voltaram a cair. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 13,02% para 12,99%, enquanto os para 2025 caíram de 11,07% para 11,05%.

As projeções sobre crescimento, inflação e juros brasileiros também têm auxiliado a Bolsa, que registra ganhos em sequência nos últimos pregões.

A maior alta do dia foi da Braskem, com ganhos de 6,40%, após a Novonor, uma das maiores acionistas da petroquímica, ter divulgado no domingo (11) que recebeu uma proposta de aquisição da Unipar Carbocloro.

De acordo com a companhia, a proposta prevê que a Unipar passará a deter 34% do controle da Braskem. Dados internos mostram que a oferta —de R$ 35 por ação— é superior em 40% à oferta apresentada pela Adnoc, estatal dos Emirados Árabes Unidos, e o fundo Apollo.

Nos termos do acordo proposto, a Novonor permaneceria com uma participação minoritária de 4% do total de ações de emissão da Braskem atualmente.

"A nossa proposta prevê um equilíbrio entre os interesses e necessidades da Novonor, Petrobras, acionistas minoritários e bancos credores da Braskem", disse Bruno Uchino, presidente do Conselho da Unipar, em nota à imprensa.

Ao lado da Novonor, a Petrobras também é uma das maiores acionistas da Braskem, com 36% dos papéis da empresa. A petroleira teve alta de 1,45% nas ações ordinárias e 1,84% nas preferenciais, impulsionando o Ibovespa mesmo em dia de queda do petróleo no exterior.

Além disso, o JPMorgan elevou a recomendação das ações da Petrobras, o que apoiou a empresa no pregão.

A Eletrobras teve alta de 1,68% nas ações ordinárias e 3,33% nas preferenciais, auxiliando a performance do Ibovespa nesta segunda.

Banco do Brasil também registrou forte alta e ficou entre as mais negociadas do dia, subindo 3,41%. O banco vem registrando ganhos em série num cenário de melhores expectativas para os juros no Brasil, além de ter registrado forte crescimento em seu balanço do último trimestre.

O BB ficou na contramão do setor bancário nesta segunda. O Santander, o Itaú e o Bradesco tiveram quedas de 3,27%, 1,18%, e 0,77%, respectivamente, enquanto aguardam um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) que envolve o pagamento de tributos federais por instituições financeiras. A votação está em 4 a 1 contra os bancos.

Pressionaram o Ibovespa, ainda, quedas da Vale (1,55%) e da PetroRio (3,85%), impactadas pelas quedas nos contratos futuros do minério de ferro e do petróleo no exterior.

Os principais índices dos Estados Unidos também subiram nesta segunda, em meio a expectativa sobre a decisão de juros do Fed, com divulgação prevista para quarta-feira (14).

A maioria dos investidores ainda espera que a autoridade monetária americana faça uma pausa na escalada de juros.

Segundo a ferramenta Fedwatch, que analisa a probabilidade de alteração nas taxas de juros americanas pelo Fomc (Comitê Federal de Política Monetária, que toma as decisões sobre os juros nos EUA), o mercado vê uma chance de 79,1% de o Fed manter as taxas inalteradas na próxima reunião.

Boa parte dos analistas, porém, ainda enxerga a possibilidade de uma nova alta na reunião desta semana. O índice de preços ao consumidor do país, com divulgação prevista para terça (13), deve dar mais pistas sobre a decisão do Fed.

Nesse cenário, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq subiram 0,56%, 0,93% e 1,53%, respectivamente. Altas em grandes empresas, em especial big techs, e as expectativas sobre juros no país têm apoiado os índices acionários americanos nos últimos pregões.

Já o dólar vem registrando quedas ante o real nos pregões recentes por conta da expectativa de pausa de juros nos Estados Unidos, que tornaria a renda fixa do país menos atrativa e, consequentemente, depreciaria a divisa americana.

Nesta segunda, porém, o dólar teve alta no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, teve leve alta de 0,08% (Folha, 13/6/23)