Bolsas asiáticas: Japão cai 7%; Coreia do Sul, 4,8%; e Taiwan, 9,8%

Bolsa do Japão começa a semana com forte queda, ainda resultado das tarifas de Trump. Foto: Kazuhiro Nogi
Desempenho negativo ainda é resultado das tarifas impostas por Donald Trump na semana passada
Depois do mau-humor da semana passada por causa das tarifas de Donald Trump, o mercado financeiro já dá sinais de que os próximos dias serão turbulentos. Na abertura da bolsa do Japão, o índice Nikkei caiu mais de 7%, com os contratos futuros dos EUA apontando para novas quedas na Bolsa de Valores de Nova York.
O índice Nikkei 225 de Tóquio perdeu 7,35% nas negociações da manhã, após uma queda de 2,75% na sexta-feira, 04. Na manhã desta segunda, 06 (horário local), a bolsa do Japão precisou interromper momentaneamente a negociação de futuros de ações. A negociação à vista de ações não foi afetada. O chamado circuit breaker paralisa automaticamente as transações por 10 minutos quando o índice futuro está próximo de cair ou subir 8%.
O índice Kospi de Seul perdeu 4,8%. As ações taiwanesas, do índice Taiex, caíram 9,8% na abertura do mercado, atingidas pelos temores dos investidores em relação às tarifas de Trump. Em Cingapura, o Índice Straits Times caiu 7,37%. O mercado de ações de Hong Kong despencou mais de 9%. A bolsa da Austrália também iniciou a semana em terreno negativo, com queda de 6%.
Questionado sobre a turbulência dos mercados, Donald Trump, disse que “não quebrou o mercado de propósito” e que “não pode prever” o que acontecerá com o mercado de ações. “O que vai acontecer com os mercados não posso dizer. Não quero que nada caia. Mas às vezes você tem de tomar remédios para consertar alguma coisa”, disse.
O presidente afirmou que passou o fim de semana falando com líderes de tecnologia, incluindo “quatro ou cinco que são considerados os maiores” e líderes de nações ao redor do mundo, embora não tenha especificado quem.
O presidente afirmou que passou o fim de semana falando com líderes de tecnologia, incluindo “quatro ou cinco que são considerados os maiores” e líderes de nações ao redor do mundo, embora não tenha especificado quem.
Segundo o The New York Times, banqueiros, executivos e traders disseram no fim de semana que sentiram flashbacks da crise financeira global de 2007-2008, que derrubou vários gigantes de Wall Street. Deixando de fora o pânico brutal, mas relativamente curto, do mercado que irrompeu no início da pandemia do coronavírus, a velocidade do declínio do mercado na semana passada − as ações caíram 10% em apenas dois dias − foi superada apenas pelas ondas de vendas que ocorreram quando o Lehman Brothers entrou em colapso em 2008.
Assim como naquela época, a amplitude da queda repentina − com petróleo, cobre, ouro, criptomoedas e até mesmo o dólar pegos na liquidação − fez os maiores jogadores de Wall Street se perguntarem qual de seus concorrentes e contrapartes foi pego de surpresa. Os bancos pediram aos clientes de negociação que aportassem fundos adicionais se quisessem continuar tomando dinheiro emprestado para negociar − as chamadas de margem que não chegaram nem perto do nível de uma geração antes, mas ainda assim estão causando desconforto.
Efeito imediato
O ‘tarifaço’ de Trump provocou uma grande turbulência nos mercados globais na semana passada. As principais Bolsas de todo o mundo tiveram perdas gigantescas após o anúncio, na quarta-feira, 2. Nos Estados Unidos, por exemplo, as perdas passaram dos 10% em apenas dois dias. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 4,84% na quinta-feira, 3, e mais 5,50% na sexta-feira, 4. Já o índice Nasdaq, que tem uma influência maior das empresas de tecnologia, caiu respectivamente 5,97% e 5,82%.
Nos últimos dois pregões, o valor de mercado das empresas listadas nos Estados Unidos encolheu em US$ 6,08 trilhões, intensificando uma tendência negativa que já vinha se desenhando desde o início do ano. Desde 20 de janeiro de 2025 − data da posse do presidente Donald Trump −, a destruição de valor já chega a US$ 9,81 trilhões, segundo dados levantados por Einar Rivero, CEO da consultoria Elos Ayta (Estadão, 7/4/25)