28/03/2018

Brasil ainda tenta evitar exigência saudita para frango

Brasil ainda tenta evitar exigência saudita para frango

A comitiva do Ministério da Agricultura que está em Riad, capital da Arábia Saudita, tenta evitar a aplicação imediata das mudanças exigidas pelo país para o abate de frangos. A mudança, que pode gerar perdas de rendimento da carne de frango e afetar o bem estar-animal, originalmente entrará em vigor em abril.

Em reunião ontem, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, solicitou aos sauditas que adiem por 60 dias a entrada em vigor da exigência que, basicamente, impedirá a insensibilização elétrica do frango antes do abate. No entanto, a Arábia Saudita ainda não respondeu.

"Fomos pedir mais tempo para que o Brasil se adapte aos critérios mais rigorosos ou que eles levem em consideração o estudo, mas ainda não tivemos resposta", disse Novacki, ao Valor. O secretário fazia alusão ao estudo da Universidade de São Paulo (USP) que mostra que o frango não morre com a insensibilização elétrica – mas somente no processo de sangria. Pelos preceitos muçulmanos, o animal deve estar vivo na sangria.

Se a Arábia Saudita não responder ao pedido brasileiro, os frigoríficos que quiserem exportar aos sauditas terão de se adaptar ao menos momentaneamente, afirmou uma fonte do setor. O problema é que, para as indústrias, a mudança gerará perdas de 20% a 30% no rendimento do peito de frango. Os exportadores também alegam que as aves se debatem muito no abate sem a insensibilização, prática que também é aplicada nos EUA e na União Europeia.

A esperança dos brasileiros é que, a partir de junho, a Arábia Saudita ceda. Isso porque, em paralelo às exigências sauditas, está em curso uma revisão dos padrões utilizados pelos países do golfo pérsico. A expectativa é que a insensibilização elétrica seja recomendada no abate "halal" – que segue os preceitos islâmicos.

A Arábia Saudita é a maior compradora de carne de frango do Brasil. No ano passado, o país gastou US$ 1 bilhão para importar 589,9 mil toneladas – ou 14% do total (Assessoria de Comunicação, 27/3/18)