Brasil bate recorde de vendas de veículos novos e usados em 2024
País produziu 190,1 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em dezembro de 2024.
O setor de veículos do Brasil alcançou o recorde de vendas de modelos novos e usados em 2024. De acordo com dados da Anfavea (Associação de Montadoras) divulgados nesta terça-feira (14), o país registrou venda de 14,2 milhões de carros comerciais leves novos e usados.
A marca superou o pico anterior de 13,7 milhões de veículos em 2019. Os veículos novos foram responsáveis por 2,5 milhões, e 11,7 milhões de usados foram vendidos no ano passado, segundo a Anfavea.
A associação afirmou que o crescimento de 14% nos modelos novos em 2024 foi o melhor desempenho entre os principais mercados globais de veículos, bem acima da média global de 2%.
A entidade também apontou que a produção de veículos no Brasil foi de 190,1 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em dezembro, uma queda de 19,5% em relação a novembro, mas houve crescimento de 10,8% ante o mesmo mês de 2023.
Os licenciamentos do mês passado somaram 257,4 mil veículos, um crescimento de 1,6% na comparação mensal e avanço de 3,6% no comparativo anual.
No acumulado de 2024, a produção cresceu 9,7%, para 2,55 milhões de veículos e as vendas avançaram 14,1%, para 2,63 milhões de unidades.
Com isso, o Brasil manteve a sexta posição mundial entre os maiores mercados do mundo —atrás de China, Estados Unidos, Japão, Índia e Alemanha— e subindo uma posição, para a oitava, entre os maiores fabricantes.
Apesar do forte crescimento nas importações de veículos no ano passado —32,5%—, as montadoras afirmam que terminaram o ano com 107,2 mil postos de trabalho ocupados, um crescimento de 8,3% sobre 2023, a maior expansão do setor desde 2007.
"Estamos investindo R$ 180 bilhões, geramos mais de 100 mil empregos no Brasil, não podemos aceitar esse volume de importação principalmente vindo da China", disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, em apresentação dos números do setor.
DIVERSIFICAÇÃO
Segundo os dados da Anfavea, dos 467 mil veículos importados pelo Brasil em 2024, 38% veio de países que não são México e Argentina, com quem o Brasil tem seus maiores acordos comerciais no setor. A participação em 2023 era de 25%, após 20% em 2019.
Ainda pelos números da entidade, no ano passado, 28% das importações foram de empresas que ainda não fabricam veículos na América Latina, ante 14% em 2023 e 6% em 2022.
Diante dos resultados, Leite voltou a defender a recomposição imediata neste ano do imposto de importação na alíquota cheia de 35% em vez do atual regime gradual em que o tributo subirá para esse patamar até meados de 2026.
"A questão da recomposição do imposto é urgente. Houve excesso de importação. O mundo está se fechando...O Brasil tem que fazer. Todos os mercados aumentaram seus impostos de importação e ainda criaram novos", disse o executivo, oriundo do grupo Stellantis.
"O Brasil continua com tarifa baixa de imposto de importação em relação ao praticado hoje por outros países. Ele acaba sendo foco de entrada do excesso de capacidade de outros países", afirmou Leite, em referência à China. Segundo a Anfavea, de cada dois carros importados fora do Mercosul pelo Brasil no ano passado, um veio do país asiático.
O presidente da Anfavea também citou como preocupação do setor a perda de participação das montadoras instaladas no Brasil em tradicionais mercados de exportação do país, que também estão vendo os fluxos de veículos da China crescerem, como Chile, Colômbia e México.
"Estamos perdendo participação em mercados que cresceram...O Brasil precisa exportar mais, está perdendo participação em seus principais mercados", comentou Leite (Folha, 15/1/25)