13/09/2023

Brasil colhe 2,4 bilhões de toneladas de grãos em uma década

Brasil colhe 2,4 bilhões de toneladas de grãos em uma década

COLHENDO SOSA MT REUTERSPaulo Whitaker.jpg

Por Vera Ondei

Como os produtores responderam à demanda interna e global por alimentos e fibras, aumentando a entrega em 1 bilhão de toneladas em 10 anos.

 

 

O Brasil produziu nas últimas 10 safras agrícolas um recorde de 2,415 bilhões de toneladas de grãos, de acordo com o Observatório Agrícola, organismos ligado à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento e Preço). A produção nacional de grãos cresceu 1 bilhão de toneladas entre as safras 2013/2014 e o ciclo encerrado na semana passada – quando foi anunciado o 12º Levantamento de Safra que encerra mais um ciclo no campo –, na comparação com o período de 10 anos anteriores, que vai da safra 2003/2004 à safra 2012/2013. Nessa década, a produção foi de 1,434 bilhão de toneladas de grãos.

 

 

Confira, a seguir, a produção de cada um desses 10 anos de safra, comparado com a produção do mesmo ano da década anterior.

Safra 2022/23

Produção: 322,752 milhões de toneladas

Crescimento na década: 71%

Safra 2012/13: 188,658 milhões de toneladas

Produtividade e área cultivada vão em sentidos opostos

Os produtores rurais fizeram a lição de casa não apenas aumentando a produção, mas promoveram um movimento poupa terra extraordinário. Isso porque, enquanto a produção cresceu, o aumento da área cultivada não se deu no mesmo ritmo. Isso significa que a produtividade, que é a produção por hectare, subiu de patamar.

 

 

Por emprego de tecnologias e uma melhor gestão do negócio, a produtividade da safra 2022/2023 foi de 4.111 quilos de grãos por hectare. Na safra de 2013/2014, a produtividade era de 3.433 quilos por hectare. Isso significa um aproveitamento atual de terras da ordem de quase 20% acima.

Para comparação, caso a produtividade tivesse se mantido a mesma da safra 2013/2014, a área de terra necessária para plantar a safra 2022/2023 teria sido de 94,01 milhões de hectares. Mas não foi o que aconteceu. A área utilizada foi de 78,5 milhões de hectares, ou seja, foram poupados 15,5 milhões de hectares.

 

 

O próximo levantamento de safra, o primeiro do ciclo 2023/2024, será anunciado no início do mês de outubro. Não há estimativa, por ora, de que possa vir um novo recorde imediato por conta de custos e de preços em queda das commodities. Mas os recordes são inevitáveis, como tem ocorrido na última década. Nesse período, em apenas três ciclos os produtores não superaram a safra anterior. Foram elas, as safras 2015/2016, 2017/2018 e a de 2020/2021.

 

Aumentos consecutivos de produção e produtividade são dados como certo pela história que o Brasil vem construindo no campo. A tropicalização dos cultivos, principalmente da soja, se deu nas décadas 1970 e 1980 (quando a oleaginosa se espalhou pelo Cerrado). Do total de 78,5 milhões de hectares de grãos e fibras da última safra, 44 milhões de hectares foram de soja. Para o total das commodities, as aguardadas 100 milhões de toneladas de grãos e fibras somente vieram na safra 2000/2001, ou seja, depois de 30 anos. Mas, para 200 milhões de toneladas foi necessário metade desse tempo. Na safra 2016/2017, pela primeira vez a produção brasileira foi de 238,622 milhões de toneladas. Para os 300 milhões de toneladas de grãos e fibras, que ocorreram na safra encerrada de 2022/2023, foram necessárias apenas seis safras.

 

 

O International Grains Council (Conselho Internacional de Grãos) estimou para a safra global de 2022/23 uma produção de 2,263 bilhões de toneladas de grãos, elevando para 2,294 bilhões de toneladas a safra 2023/2024. É nessa conta que o Brasil entra.

 

As safras acompanhadas pela Conab são as de algodão, amendoim, arroz, feijão, gergelim, girassol, mamona, milho, soja e sorgo, mais as culturas de inverno, como aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale. A metodologia de avaliação de safras da Conab o que preconiza o Banco Mundial e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), que tem solicitado aos países-membros uniformização nos procedimentos de avaliação, de modo a reduzir as fortes discrepâncias nas suas estatísticas de produção (Forbes, 12/9/23)