22/05/2025

Brasil deixou de embarcar mais de 737 mil sacas de café em abril

Brasil deixou de embarcar mais de 737 mil sacas de café em abril

 

Prejuízo com gargalo logístico foi de R$ 6,6 milhões.

 

Levantamento feito pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) com seus associados, mostra que o país deixou de exportar 737,6 mil sacas de café em abril. Desse modo, os exportadores tiveram prejuízo de R$ 6,657 milhões devido a gastos imprevistos com armazenagem adicional.

Em comunicado, a entidade disse que as dificuldades logísticas permanecem mesmo em um período de entressafra para produtos escoados via contêiner, o que, em tese, gera um desafogo nos principais portos do país.

 

Desde o início do levantamento realizado pelo Cecafé, em junho de 2024, os exportadores associados à entidade acumulam um prejuízo de R$ 73,233 milhões com esses custos extras em função da estrutura defasada nos principais portos de escoamento do produto no Brasil.

 

A impossibilidade do embarque desse volume de café também impediu que o país recebesse US$ 328,60 milhões, ou R$ 1,900 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais somente em abril deste ano, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 445,47 por saca (café verde) e um dólar de R$ 5,7831 na média do mês passado.

 

O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, reforça o discurso de que são importantes os anúncios que o poder público vem fazendo sobre investimentos em infraestrutura, como o leilão do Tecon Santos 10, a concessão do canal de entrada marítima ao porto, o túnel de ligação Santos-Guarujá e a terceira via de descida da Rodovia Anchieta para a baixada santista, mas que essas medidas precisam de agilidade para serem implementadas.

 

“Essas melhorias propostas levarão cerca de cinco anos para serem entregues, considerando condições normais na tramitação. No entanto, a ideia de restringir a participação ampla de interessados no leilão do Tecon Santos 10, incluindo armadores, não faz o menor sentido, pois cria dificuldades ao processo, com eventuais judicializações, o que tornaria ainda mais lento o leilão do terminal, levando as empresas que atuam no comércio exterior a acumularem ainda mais prejuízos com as despesas logísticas”, destacou, em nota.

 

Além do impacto negativo aos exportadores, Heron recorda que o produtor brasileiro de café também é prejudicado com esses entraves na infraestrutura portuária.

 

“O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação ao cafeicultor, a uma média, em 2024, de 88,3% aos que cultivam arábica e de 96,5% aos que produzem canéfora (conilon + robusta). Quando não conseguimos exportar nossos cafés devido à não concretização dos embarques por falta de infraestrutura portuária, também deixamos de repassar mais receita aos nossos produtores, que são trabalhadores exemplares no cultivo de cafés sustentáveis e de muita qualidade a todo mundo”, destacou.

 

O diretor Técnico do Cecafé recorda, ainda, que os impactos logísticos e os prejuízos causados aos exportadores de café evidenciam o esgotamento da infraestrutura portuária, e a necessidade de se avançar no leilão do Tecon Santos 10 “para que tenhamos melhor estrutura, oferta de capacidade e eficiência no Porto de Santos, evitando, ou pelo menos mitigando, os elevados prejuízos ao setor e o menor repasse aos produtores”, finalizou o dirigente (Globo Rural, 21/5/25)