08/12/2020

Brasil diversifica pauta exportadora e Venezuela eleva compra de alimentos

Brasil diversifica pauta exportadora e Venezuela eleva compra de alimentos

Legenda: Colheita de milho na fazenda Rio do Sangue, em Brasnorte (MT); milho está entre os produtos mais exportados pelo Brasil Mauro Zafalon/Folhapress

 

Países até então com participação menor no mercado brasileiro, como Bangladesh, fizeram importações de alimentos superiores a US$ 1 bilhão neste ano.

A Venezuela retornou ao mercado brasileiro de alimentos e cooperou para a alta interna de preços no Brasil. As compras venezuelanas somaram US$ 632 milhões de janeiro a novembro, uma evolução de 161% em relação a igual período do ano passado.

As compras se concentraram basicamente em açúcar, arroz e óleo de soja. Estes dois últimos tiveram forte aceleração no mercado interno brasileiro devido às exportações.

Os venezuelanos continuam com uma situação econômica bastante deteriorada. Em meados do ano, reduziram a hiperinflação, que já voltou a acelerar, mas aumentaram um pouco as vendas de petróleo.
Mesmo com essa evolução de compras neste ano, as importações venezuelanas no setor brasileiro do agronegócio estão bem distantes das de há cinco anos.

Os gastos com açúcar atingiram US$ 117 milhões, 368% a mais, enquanto os com óleo de soja e com arroz somaram US$ 87 milhões e US$ 104 milhões, com aumentos de 278% e 37%, respectivamente.
As carnes e gado vivo, dois dos principias itens das importações dos venezuelanos nos últimos anos, praticamente desapareceram da lista de compra em 2020.

A China continua sendo o grande parceiro do Brasil, mas as exportações brasileiras de alimentos se caracterizam, neste ano, por um avanço em novos mercados e por um aumento de presença em países com os quais o país já tinha negócios, mas pequenos.

As exportações para a Ásia somaram US$ 43 bilhões até novembro, com evolução de 17%. As vendas para a China ficaram dentro dessa média, mas as para Indonésia dobraram.

Países até então com participação menor no mercado brasileiro, como Bangladesh, fizeram importações de alimentos superiores a US$ 1 bilhão neste ano. Os negócios se aceleraram também com a Índia, país que tem grande potencial de importações.

 

Uma das grandes perdas para o agronegócio brasileiro foi o Oriente Médio. As exportações para aquela região caíram 22%, provocadas, em grande parte, pela redução da presença do Irã.

Em 2019, o país persa foi o quarto maior importador brasileiro de alimentos. Neste ano, com queda de 51%, despencou para a 16ª posição no ranking dos principais importadores do Brasil.

Tradicionais importadores de milho, os iranianos tiveram dificuldades para concretizar as negociações comerciais.

As exportações brasileiras foram menores neste ano também para a América do Norte. O Canadá aumentou as compras, mas Estados Unidos e México reduziram seus gastos por aqui.

Os Estados Unidos limitaram as importações de alimentos no Brasil a US$ 3,1 bilhões, 2% menos do que em 2019. Já os mexicanos gastaram 22% menos.

A Europa, o segundo principal bloco importador do Brasil, não teve grandes mudanças de comportamento. As exportações brasileiras somaram US$ 15 bilhões, 3% mais.

Entre os exportadores para o Brasil, o destaque foi o Paraguai. O país forneceu soja em grãos, óleo de soja e arroz, três produtos cuja importação o Brasil elevou neste ano.

As importações brasileiras de soja somaram 748 mil toneladas até novembro. As de óleo de soja subiram para 159 mil, e as de arroz atingiram 796 mil toneladas (incluindo casca e beneficiado) (Folha de S.Paulo, 7/12/20)