Brasil envia batata-doce e grão-de-bico ao espaço na nave da Blue Origin

Perry e uma tripulação 100% feminina, a missão da Blue Origin leva sementes de grão-de-bico desenvolvidas por pesquisadores brasileiros — Foto Divulgação
Objetivo é acelerar o melhoramento genético e trazer inovações para a agricultura.
O Brasil também esteve representado na missão espacial que misturou ciência e cultura pop nesta segunda-feira (14/4). Além da cantora Katy Perry e outras cinco mulheres, a nave New Shepard, da Blue Origin, levou sementes de grão-de-bico e plantas de batata-doce desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Conforme a entidade, os vegetais foram escolhidos porque reúnem vantagens não apenas agronômicas, mas também nutricionais diante da possibilidade de cultivar plantas no espaço. Além disso, possuem resistência, crescimento rápido e são adaptáveis.
A nave que partiu do Texas, nos Estados Unidos, levou duas variedades de batata-doce: Beauregard e Covington. A primeira é americana, enquanto a segunda, obtida na Louisiana State University, foi registrada no Brasil. Entre as semelhanças está a polpa alaranjada, condição que indica a presença de betacaroteno em grande quantidade na composição.
"As raízes da batata-doce têm compostos bioativos que promovem a saúde humana e atuam como antioxidantes poderosos naturais para inibir a ação de radicais livres no organismo. Esse consumo é especialmente valioso em ambientes expostos à radiação, como na Lua, em Marte ou na Estação Espacial Internacional", explica Larissa Vendrame, engenheira-agrônoma e pesquisadora da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças.
Sementes de grão-de-bico enviadas são da cultivar BRS Aleppo — Foto Rogério Monteiro Embrapa
No caso do grão-de-bico, as sementes enviadas são da cultivar BRS Aleppo, que tem sementes na cor creme, formato angular tipo cabeça de carneiro e tamanho entre 8 e 9,5 milímetros. Quando a planta está desenvolvida, pode alcançar 66 centímetros e ter flores brancas e vagens com até duas sementes.
“Ela foi eleita para essa missão em função de seu alto valor nutricional e pela alta adaptabilidade do cultivo. Estamos oferecendo sementes à radiação Gama e aos nêutrons, que atuam como geradores de variabilidade genética, da mesma forma que os cruzamentos realizados em laboratório e campos experimentais”, pontua Fábio Suinaga, pesquisador da área de melhoramento genético vegetal.
A pesquisa que envolve o melhoramento genético do grão-de-bico e da batata-doce é uma parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e integra ações da Rede Space Farming Brazil. Um dos objetivos é acelerar resultados e oferecer inovações para a agricultura.
Rafael Loureiro, professor da Winston-Salem State University, na Carolina do Norte, foi quem viabilizou a inclusão do material brasileiro no voo da Blue Origin. Além dele, Aisha Bowe, ex-cientista de foguetes da Nasa, liderou os experimentos com as sementes desenvolvidas pela Embrapa (Globo Rural, 14/4/25)