Brasil ganha 10ª posição mundial no mercado exportador de trigo
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País deverá exportar 3,5 milhões de toneladas na safra 2022/23.
Com a menor oferta de trigo da Argentina e da Ucrânia no mercado internacional nesta safra 2022/23, o Brasil deverá ocupar a 10ª posição mundial entre os exportadores do cereal, segundo analistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Neste ano, conforme os dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) nesta segunda-feira (2), as exportações brasileiras atingiram o recorde de 3,1 milhões de toneladas, um volume bem acima do de 2021, quando o país havia colocado 1,13 milhão de toneladas no exterior.
As exportações de 2022 se concentraram no primeiro trimestre, com as exportadoras enviando 2,18 milhões de toneladas do cereal para o mercado externo. O primeiro trimestre deste ano também deverá mostrar um bom desempenho, uma vez que o país conseguiu uma safra recorde.
O Brasil faz exportações recordes de trigo, mas ainda continua dependente do mercado externo, principalmente da produção da Argentina. No ano passado, as importações brasileiras somaram 5,72 milhões de toneladas, com gastos de US$ 2,1 bilhões, conforme dados da Secex.
Na avaliação do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as exportações brasileiras da safra 2022/23 atingirão 3,5 milhões de toneladas, superando as da Índia. O órgão norte-americano considera as exportações de julho de 2022 a junho de 2023.
A Rússia, apesar da guerra com a Ucrânia, lidera as vendas mundiais, com possibilidade de colocar 43 milhões de toneladas no mercado externo. A União Europeia vem a seguir, com 36 milhões, seguida da Austrália, que assume o terceiro posto.
O clima foi favorável, e os australianos terão uma safra recorde de 36,6 milhões de toneladas, podendo exportar 28,5 milhões.
Argentina e Ucrânia são os países com os maiores problemas nesta safra. Prejudicada por condições climáticas adversas, a produtividade das lavouras de trigo dos argentinos recua para patamares de 2008/09. Com isso, a safra, após ter atingido 22,2 milhões de toneladas em 2021/22, cai para 12,5 milhões em 22/23.
Os argentinos são os principais fornecedores de trigo para os brasileiros. Na safra passada, colocaram 17,7 milhões de toneladas de trigo no mercado internacional. Nesta, terão apenas 7,5 milhões para exportar, segundo o Usda.
A Ucrânia, importante participante do mercado mundial de trigo, será mais uma das prejudicadas nesta safra, devido à guerra com a Rússia. As exportações, que foram de 18,8 milhões de julho de 2021 a junho de 2022, recuam para 12,5 milhões em igual período desta safra.
Produção e consumo mundiais não tem grande alterações na safra 2022/23, em relação à anterior. A produção mundial fica em 781 milhões de toneladas; e o consumo, em 790 milhões.
Segundo o IBGE, após uma safra recorde de trigo de 9,6 milhões em 2022, o Brasil deverá colher 8,4 milhões neste ano (Folha de S.Paulo, 4/1/23)