Brasil perde para a Tailândia liderança na venda de frango para EUE
Operações do PF são pretexto para bloco impor restrições ao produto brasileiro.
O Brasil, líder mundial nas exportações de carne de frango, está dando um passo atrás neste ano. Principal exportador para a União Europeia, está perdendo a liderança do mercado europeu e cedendo o lugar para a Tailândia.
As exportações brasileiras de frango somaram 69,4 mil toneladas de janeiro a março deste ano, 43% menos do que em igual período de 2017. Já as dos tailandeses subiram para 76,4 mil toneladas, 11% mais do que no primeiro trimestre do ano passado.
A União Europeia gosta de colocar entraves nas importações, e as operações da Polícia Federal no setor de proteínas foram o filé que os europeus precisavam para ampliar as barreiras.
Em março do ano passado, o mercado foi abalado pela Operação Carne Fraca, que teve uma segunda fase em março deste ano.
Para evitar retaliações dos europeus, o Ministério da Agricultura fez uma lista de autossuspensão de vários frigoríficos brasileiros até então habilitados a exportar para o bloco europeu.
A União Europeia também fez uma lista própria, o que interrompeu o curso normal das exportações brasileiras.
A queda nas vendas externas deve continuar. No período da greve dos caminhoneiros, no fim do mês passado, a indústria de carne de frango deixou de exportar pelo menos 135 mil toneladas, devido à interrupção de abate e bloqueio nas estradas.
Os números são da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que prevê dificuldades no abastecimento de carne de frango nos próximos meses devido à morte de 70 milhões de aves.
O ritmo lento de exportações afetou também a indústria de carne bovina, que deixou de exportar 40 mil toneladas no período da greve.
Na sexta-feira (1º), o setor tinha 1.400 contêineres que aguardavam embarque externo, segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
O Brasil perde lugar nas exportações para países da América do Sul. O Chile elevou em 67% as vendas de frango para a Europa no primeiro trimestre deste ano, enquanto a Argentina aumentou em 50%. Até os chineses ganharam espaço no mercado europeu, ao exportar 42% mais no período (Folha de S.Paulo, 5/6/18)