23/03/2018

Brasil pode exportar 5% menos carne de frango neste ano

Pintos em granja em Carambeí (PR)

Recuo se deve a problemas enfrentados pelo país nos principais mercados.

 

O Brasil iniciou 2017 com 58 unidades frigoríficas aptas para exportar frango para a União Europeia. Atualmente são apenas 24.

Desde o primeiro trimestre do ano passado, o setor avícola vive momentos tumultuados. Essa situação traz um cenário inédito para o setor.

Pela primeira vez, desde 2009, a produção de carne de frango deverá cair e, consequentemente, afetar as exportações.

O setor esperava um aumento de 3% a 4% nas vendas externas deste ano. Se continuar esse cenário desfavorável, as exportações vão recuar 5%.

"Antes, passávamos 80% de nosso tempo abrindo mercados. Agora, passamos 80% de nosso tempo tentando manter esses mercados", diz Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

O Brasil enfrenta problemas em dois dos principiais mercados para a carne brasileira de frango: a União Europeia e a Arábia Saudita.

No caso da União Europeia, o Ministério da Agricultura brasileiro suspendeu as exportações de 15 frigoríficos que vendiam para o continente europeu.

A União Europeia recebe anualmente 440 mil toneladas de carne de frango do Brasil, via cotas. Esse volume é importante para os europeus, uma vez que eles também exportam e precisam manter os contratos deles de vendas externas.

"A autossuspensão deixou os europeus mais irritados com o descumprimento das cotas do que com os problemas sanitários, que são coisas do passado e resolvidas", diz o presidente da ABPA.

No caso da Arábia Saudita, que importa 14% do frango exportado pelo Brasil, os árabes estão questionando o sistema de abate.

Por princípios religiosos, querem a eliminação da insensibilização dos animais, que é feita via choque.

Os problemas não param por aí. O Brasil tem ainda pendências com a China, outro importante mercado.

Até a África do Sul, que está com problemas sanitários internos, chegou a, embora timidamente, acusar o Brasil de ser responsável pelo problema.

"Não está fácil", diz Turra (Folha de S.Paulo, 23/3/18)