29/05/2019

Brasil tem o custo de crédito mais caro em um ranking com 63 países

Brasil tem o custo de crédito mais caro em um ranking com 63 países

Levantamento avalia anualmente a competitividade das economias dos países. Em 2019, o Brasil ganhou 1 posição, mas segue na parte baixa da tabela, em 59º lugar.

Um estudo com 63 países divulgado nesta terça-feira (28) aponta que o Brasil tem o pior custo de crédito entre eles - ou seja, é o país mais caro para empresas que precisam de dinheiro emprestado. O dado faz parte do Anuário de Competitividade Mundial, elaborado pela escola suíça IMD.

No ranking que avalia o spread da taxa de juros, o Brasil ficou na última colocação. Spread é a diferença entre os juros que os bancos pagam para tomar dinheiro emprestado e o que cobram para emprestar. Segundo o levantamento, no Brasil essa diferença é de 32%, em média - bem acima da média dos outros países pesquisados, de 3,8%.

O levantamento avalia anualmente as condições de competitividade das economias dos países. Em 2019, o Brasil ganhou 1 posição, puxado pelo aumento dos investimentos estrangeiros - de US$ 70 bilhões em 2017 para US$ 88 bilhões em 2018. No entanto, o país ainda permanece bem abaixo na tabela, com o 59º lugar entre os 63 países. O país perde apenas da Croácia, Argentina, Mongólia e Venezuela.

Ranking de competitividade

Posição em 2019

País

Posição em 2018

Mudança

1

Singapura

3

+2

2

Hong Kong

2

0

3

EUA

1

-2

4

Suíça

5

+1

5

Emirados Árabes Unidos

7

+2

6

Holanda

4

-2

7

Irlanda

12

+5

8

Dinamarca

6

-2

9

Suécia

9

0

10

Qatar

14

+4

11

Noruega

8

-3

12

Luxemburgo

11

-1

13

Canadá

10

-3

14

China

13

-1

15

Finlândia

16

+1

16

Taiwan, China

17

+1

17

Alemanha

15

-2

18

Austrália

19

+1

19

Áustria

18

-1

20

Islândia

24

+4

21

Nova Zelândia

23

+2

22

Malásia

22

0

23

Reino Unido

20

-3

24

Israel

21

-3

25

Tailândia

30

+5

26

Arábia Saudita

39

+13

27

Bélgica

26

-1

28

Coreia

27

-1

29

Lituânia

32

+3

30

Japão

25

-5

31

França

28

-3

32

Indonésia

43

+11

33

República Tcheca

29

-4

34

Casaquistão

38

+4

35

Estônia

31

-4

36

Espanha

36

0

37

Eslovênia

37

0

38

Polônia

34

-4

39

Portugal

33

-6

40

Letônia

40

0

41

Chipre

41

0

42

Chile

35

-7

43

Índia

44

+1

44

Itália

42

-2

45

Rússia

45

0

46

Filipinas

50

+4

47

Hungria

47

0

48

Bulgária

48

0

49

Romênia

49

0

50

México

51

+1

51

Turquia

46

-5

52

Colômbia

58

+6

53

Eslováquia

55

+2

54

Ucrânia

59

+5

55

Peru

54

-1

56

África do Sul

53

-3

57

Jordânia

52

-5

58

Grécia

57

-1

59

Brasil

60

+1

60

Croácia

61

+1

61

Argentina

56

-5

62

Mongólia

62

0

63

Venezuela

63

0

Fonte: IMD

Além do custo alto do crédito, outros fatores seguem puxando a colocação do Brasil para baixo, segundo os responsáveis pelo estudo. Muitos deles têm a ver com o relacionamento do setor público com o setor privado. Ainda considerando os 63 países, o Brasil ficou com a 62ª posição nas listas que avaliam compliance dos contratos públicos, burocracia, equidade de oportunidades e balanço das contas governamentais.

"Em termos de América Latina, Brasil e Argentina ficaram entre os cinco últimos do ranking, enquanto o país mais bem classificado desta região, o Chile, sofreu a maior queda neste ano, da 7ª para a 42ª posição", comentou em nota Arturo Bris, diretor do estudo.

"O alto nível de desemprego puxa para baixo os indicadores de desenvolvimento econômico”, disse Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, que participou da pesquisa, e coordenador do estudo no Brasil.

"O fator crítico para a competitividade nacional continua sendo a baixa eficiência do governo, (com o Brasil na 62ª posição), pois todos os seus subfatores - finanças públicas, política fiscal, estrutura institucional, legislação de negócios e estrutura social - se mantiveram relativamente estagnados desde 2017", complementou Arruda (G1, 28/5/19)